Uma mulher é estuprada a cada 11 minutos no Brasil, de acordo com pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Mas como apenas 30 a 35% dos casos de violência sexual são registrados, pode ser que essa relação seja “de um estupro a cada minuto”, de acordo com Samira Bueno, cientista social e diretora do FBSP. O último dado sobre isso aponta que o país registrou, em 2015, 45.460 casos de estupro, sendo 24% deles nas capitais e no Distrito Federal.
No livro “Maria e Eu”, escrito por Vanda Amorim e publicado pela Editora Letramento, Maria, de origem humilde e de uma comunidade do Rio de Janeiro, sofre abuso sexual do padrasto desde criança. Aos 12, a mãe dá um prazo a ela de dois anos para sair de casa. Abandonada, aos 14, grávida de um filho que não desejou, fruto das torturas sexuais, é jogada a própria sorte.
Sobre o livro:
Maria e Eu: a história emocionante de uma jovem que superou o abandono e a tortura sexual
Maria e Eu, obra da advogada Vanda Amorim que acaba de ser publicada pela Editora Letramento, traz um diálogo emocionante e sensível entre a jovem Maria e o leitor. Vítima de abandono e tortura sexual, a personagem narra detalhes impactantes sobre sua trajetória de vida, além da luta que enfrentou para superar o passado e recomeçar.
De origem simples e moradora de uma comunidade carioca, Maria sofria abuso sexual do padrasto desde os quatro anos de idade. Aos 12, a mãe deu a ela um prazo: a adolescente tinha dois anos para sair de casa. Abandonada, aos 14, e grávida de um filho que não queria, foi jogada a própria sorte.
“Com a barriga vazia de comida e cheia de uma criança que eu não queria, perambulei por horas pelas ruas do Rio de Janeiro, sem saber que rumo dar à minha história. Foi triste e humilhante. Passei o meu aniversário na rua, sem roupa, sem comida, sem dinheiro e sem nem um fio de esperança”. (p. 34)
Mas, afinal, como aceitar a gravidez e um filho fruto de uma violência sexual e de anos e anos de abuso? Com uma linguagem acessível e envolvente, Vanda expõe, com muita delicadeza, a trajetória de uma jovem, vítima de um sofrimento motivado pelo abandono social, que favorece a brutalidade e a selvageria.
Ao abordar a violência contra a mulher, mais especificamente a violência infantil, a autora procura tocar o coração das pessoas e ao mesmo tempo fazê-las refletir. “O abuso sexual infantil é um problema gravíssimo e precisa ser combatido e a maneira em que eu posso ajudar é fazendo boas histórias, capazes de atingir o coração das pessoas, fazendo-as sensibilizar com o problema”.
Ao atuar nas áreas de psicologia e advocacia especializada em família, não faltaram histórias para inspirar a escritora mineira radicada em São Paulo. Acostumada a lidar com situações de muitas perdas, o mais encantador, segundo ela, é ver como as pessoas tem a capacidade de se refazerem: “Quase sempre chegam despedaçadas e duvidosas que um dia se reerguerão. Depois do sofrimento, na maioria das vezes, essas pessoas saem mais fortalecidas e prontas para novos enfrentamentos. Diante de tantas biografias marcantes e envolventes, não fica difícil criar histórias para contar”.
Baseada em história ficcional ambientada no Rio de Janeiro neste século e inspirada em situações reais, Maria e Eu espera levar uma mensagem de esperança, em especial às pessoas que vivem ou já viveram em situação de tortura.
“Nesta obra, resta claro a necessidade de substituir o ressentimento pelo perdão. De agradecer pelo que se tem e não se ressentir pelo que falta. Melindrar-se por problemas irremediáveis é suicídio emocional. É bater a cabeça contra a parede e agravar o drama pessoal. Deve se ter em mente que mesmo as experiências mais frustrantes têm algo a ensinar. Todos, em algum momento, ficam expostos a algum tipo de derrota e frustração. Faz parte da essência humana”. (Keila Ferreira)