A queda de cabelos é um dos conhecidos efeitos da quimioterapia. Alguns tipos geram efeito mais acentuado. Na grande maioria dos casos a queda e temporária e reversível. “ Os medicamentos quimioterápicos possuem como alvo as células com rápida proliferação. Atuam tanto em células neoplásicas quanto em células normais, como as da matriz dos cabelos na fase anágena (fase de crescimento). Em torno de 80 a 90% dos folículos do couro cabeludo estão nessa fase em determinado momento, por isso há uma queda maciça de fios na alopecia induzida por quimioterapia. Então, por toxicidade direta, alguns quimioterápicos levam à rápida morte celular na matriz do cabelo e na papila dérmica. A interrupção abrupta da proliferação celular leva ao enfraquecimento da haste do cabelo, com quebra dentro do canal capilar e queda do fio.Esse é o mecanismo mais comum de queda de cabelo após quimioterapia“, explica a dermatologista Dra. Flávia Basilio, de Curitiba (PR), especializada no assunto.
O dermatologista Dr. Rodrigo Pirmez, coordenador do Departamento de Cabelos da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional Rio de Janeiro e um dos fundadores e atual vice-presidente da International Trichoscopy Society, alerta que “existem diversas classes de quimioterápicos e algumas estão mais associadas com queda de cabelo do que outras. A intensidade da queda também pode variar. A queda dos cabelos ocorre porque muitos do quimioterápicos atuam no ciclo celular. Eles combatem as células malignas inibindo a proliferação dessas. No entanto, essas medicações acabam atuando em outros tecidos que também tem rápida proliferação celular, como é o caso dos folículos capilares, que produzem os fios de cabelo. Com isso, a produção dos fios fica comprometida e eles ficam mais finos, frágeis e quebram”.
Na grande maioria dos casos, esse tipo de alopecia é temporária e reversível segundo a médica . “A
queda começa em uma a três semanas após o início da quimioterapia e
leva a uma perda total de cabelos em um a dois meses. A recuperação
ocorre em três a seis meses após o agente desencadeante ser suspenso. Alopecia permanente após quimioterapia é considerada evento raro, mas pode ocorrer em alguns casos. Ainda não
se sabe exatamente qual a sua incidência. É definida como ausência de
crescimento ou crescimento parcial do cabelo após período maior que seis
meses do término da quimioterapia“, explica Dra Flávia Basilio.
Em geral, os cabelos voltam a crescer normalmente depois do fim do tratamento. “Na maioria dos casos, a recuperação ocorre em três a seis meses após o agente desencadeante ser suspenso. O
novo crescimento capilar pode mostrar mudanças temporárias de coloração
até que as células que produzem a pigmentação (melanócitos) comecem a
funcionar novamente, e o crescimento do cabelo pode ser mais curvo do
que o anterior (ficam mais ondulados em alguns casos). Além
da alteração da cor dos cabelos e mudança na estrutura, raramente pode
haver alopecia permanente”, reforça a dermatologista.
Segundo Dr. Rodrigo Pirmez mudança da textura e da cor dos fios pode ocorrer após a quimioterapia e é resultado da própria medicação sobre o folículo. “Após a exposição às medicações a atividade do folículo está alterada e ele pode passar a produzir um fio diferente do original. No entanto, com o tempo, a tendência é que o cabelo volte às suas características pré-tratamento”, detalha o médico.
Uma dúvida dos pacientes é sobre o uso touca gelada ajuda, se ela é eficaz e ajuda a diminuir a queda causada pela quimioterapia. “Para prevenção, o resfriamento do couro cabeludo é a forma mais estudada, e única forma considerada eficaz atualmente. A hipotermia diminui o metabolismo celular e reduz a perfusão, e consequentemente, diminui a concentração de quimioterápico que chega ao couro cabeludo. A redução da temperatura (hipotermia) do couro cabeludo com o uso da touca durante a administração de quimioterapia apresenta resposta em 50-80% pacientes”, explica Dra. Flávia Basilio.