Por Juliana Moraes
A moda e beleza são padrões que se desenvolvem com o passar dos séculos. Atualmente, um corpo magro, com cintura fina e barriga ‘chapada’, é o desejado por muitas mulheres que querem se encaixar nos padrões impostos pela sociedade. Mas nem sempre foi assim. Mulheres que hoje são consideradas no termo Plus Size, eram consideradas com o corpo ideal em diferentes períodos da história.
Os corpos voluptuosos, seios grandes e quadris largos, eram os idealizados na Pré História, pois eram considerados símbolos de fertilidade. No período Renascentista, corpos que hoje são considerados gordos, também eram os ideais. Um grande exemplo da representatividade da mulher curvilínea nesse período histórico, é marcado pelo quadro ‘O Nascimento de Vênus’, feito no ano de 1485, por Botticelli.
Mas esses padrões de ‘corpo ideal’, foram se transformando com o passar dos séculos. Para entender melhor, vamos voltar há algum tempo na história. No século XVII, a visão do corpo da mulher mudou, exigindo-se um padrão de cintura mais fina, que tinha como grande aliada, o espartilho. Com a Revolução Industrial, no século XIX, a fome era um grande símbolo dessa época, por isso, mulheres com um padrão de corpo maior, eram consideradas pessoas que tinham mais condições, ou seja, que tinham muito o que comer em suas casas. Já no final do século XIX, com a evolução da medicina, exercícios físicos e manuais de saúde foram espalhados, mostrando a importância de se alcançar um “corpo ideal”.
Na história, o termo Plus Size foi utilizado pela primeira vez na América do Norte, em 1920, por Lane Bryant, que desde 1904, produzia roupas para mulheres grávidas. Podemos dizer que foi a partir de Lane que essa percepção de que mulheres com corpos voluptuosos foram vistas como pessoas que eram deixadas de lado na indústria da moda e que, consequentemente, precisam que suas roupas fossem feitas sob medida em ateliês particulares. Por isso, ela desenvolveu roupas para mulheres plus size para criar a sua nova linha, com o objetivo de fornecer roupas de qualidade para mulheres vistas como fora do padrão.
E no século em que vivemos, com a gordofobia e imposição da beleza “ideal”, podemos ver mulheres e movimentos que lutam contra esses fatores que deveriam ser fora do padrão. Afinal, cada um tem o seu corpo, e a forma ideal é como você quiser.
A designer e produtora de conteúdo, Mariana Nóbrega, vê que as pessoas gordas, não se escondem mais na mídia. “Estamos entendendo que não é errado ser gordo, que você não precisa se encaixar em um padrão para ser feliz, que está tudo certo se aceitar como é e viver bem com isso”.
Foto: Divulgação
Para a designer, hoje em dia, e aos poucos, se fazem roupas plus size que correspondem às roupas de tamanho “padrão”, seguindo tendências e sem nenhuma imposição de regra sobre o que uma pessoa gorda pode usar ou não.
Nas fotos compartilhadas nas redes sociais, Maqui, como gosta de ser chamada, compartilha diversas fotos enaltecendo a beleza do seu corpo. “Assim como compartilham corpos magros, muitos compartilham seus corpos gordos e fora do padrão. Buscar e seguir inspirações possíveis faz parte de usar as redes sociais de forma não tóxica”. O empoderamento das pessoas, para ela, tem feito com que homens e mulheres tenham ganhado mais espaço na mídia. “Sabemos que a diversidade vende, é algo que o público espera e exige hoje em dia, então todo mundo ganha”.
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Diversidade é a palavra que Mariana usa para os tempos atuais da moda e beleza. “Não pega bem para uma marca não ser plural. Ainda bem!”. Mas afirma que ainda há muito a ser feito para que a indústria venha a melhorar. “A moda plus size precisa deixar de ser um nicho e estar presente em todas as lojas que a gente entrar. É um passo de cada vez, hoje já temos roupas bonitas para pessoas gordas, um dia espero que essas roupas estejam nas araras de todas as grandes marcas”, finaliza.
Em 2012, Érika Câdor, iniciou o projeto ‘Gordinha do Verão’, com o objetivo de estimular mulheres a não se esconderem por vergonha dos seus corpos. Por ver a necessidade de moda jovem e moderna no mercado plus size, foi que o projeto nasceu. “Reuni sete meninas plus size, de vários biotipos. Fizemos fotos no Quebra Mar (Emissário Submarino), em Santos, para postar as fotos nas redes sociais com frases de incentivo, para que projetos fossem iniciados na baixada santista”.
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Desde então, Érika vinha fazendo fotos e banner de incentivo para que as mulheres perdessem a vergonha de seus corpos. Ela via a necessidade de muitas delas se libertarem dos padrões que ficavam ainda mais evidentes no verão e, por isso, começou a criar concursos voltados para mulheres plus size. “Fiz alguns concursos regionais como ‘A Mais Bela Gordinha da Baixada’ e ‘Gordinhos Estilosos’, voltado só para homens”. Em 2015, ela fez o 1º Miss Plus Size da Baixada Santista.
Para ela, a moda ainda não se adaptou totalmente às pessoas que vestem números considerados plus size. “A moda ainda não atende a todas e não gosta de colocar modelos maiores em seus catálogos”. Érika aponta que as marcas usam mulheres que fazem procedimentos estéticos para terem glúteos e coxas maiores, e quadril mais fino, o que não representa a mulher gorda. “Existem diversos biotipos. E só colocando mulheres que usam diferentes tamanhos, que a mulher gorda vai poder se identificar, não ficando na dúvida se aquela peça fica bem ou não com o seu biotipo”, finalizou.
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