Um sentimento de patriotismo bateu nesses dias quando, em varias ocasiões, fui abordada por mulheres portuguesas e brasileiras que vivem em Portugal. Ouvi dessas mulheres impressões sobre as brasileiras através de um olhar que nós, infelizmente, não enxergamos, por estarmos cansadas de tanta violência, de tanta falta de segurança, de tanta injustiça. Mas, essas mulheres acabam por me influenciar a também tentar, pelo menos tentar, mudar a ótica do meu olhar.
Em Lisboa vivi uma experiência linda ao conhecer a Maria Viana, filha da mistura brasileira e lusitana, cantora e proprietária do Cascais Jazz Club. Ela, com sua legitima sinceridade, me olhou e disse: “Queria ter a suavidade de vocês. As brasileiras são mais leves, mais alegres e tem uma forma de falar mais amorosa”. – Claro que isso está dentro de um contexto, pois estávamos ali preparando uma apresentação da Mulher de 50 pode… e mesmo em um momento de especial expectativa, mantivemos a tranquilidade.
Em outro momento conheci a Dona Generosa, uma senhora de 79 anos que me induziu a entrar em uma loja chinesa – aqui tem várias e são verdadeiros paraísos. E ela não parava de falar em como nós Brasileiras somos alegres e gentis.
E no caminho surgiu a Kelly, uma brasileira que vive aqui, trabalha em um restaurante e há seis produz um Festival anual que acontece no Algarve. Quando pergunto se ela é feliz por aqui, a resposta vem com um sorrisão que só confirma: – “Sou feliz sim, tenho uma vida boa e segura”.
Para completar, aqui na cidade do Porto, entro em uma loja de variedades e me deparo com a Soraia Macario, uma Tripeira de Gema, como ela se apresenta. Nascida nas Freguesias do centro da cidade, eu brinco que temos algo em comum, pois sou Carioca da Gema. Mas, o incrível é que ela, mesmo sem nunca ter ido ao Brasil, se apropria de uma intimidade com a nossa gente.
– “Eu gosto muito do vosso povo, gosto muito da vossa cultura, gosto muito da maneira como vocês recebem, gosto muito da vossa simplicidade, coisa que no meu País eu não encontro, esta abertura, esta sinceridade. Somos um país com uma segurança completamente diferente da vossa, estrutura completamente diferente da vossa, mas a vossa humildade, a vossa consciência tá-vos no sangue, na vossa alegria. Em qualquer altura do ano. Vocês não precisam de datas, não precisam de nada para fazer uma festa, é festa todos os dias, eu tenho amigos brasileiros e, basta termos uma cerveja ou qualquer coisa na mão, e a gente faz uma festa. A vossa tranquilidade, a vossa serenidade e a vossa paz de espirito… é um povo que não consegue perder isso. Não sei se foi por anos de escravatura, não sei se porque isso remonta há muitos anos, mas vocês continuam a ser um povo muito humilde. Por isso, o vosso País continua como está, porque o povo Brasileiro não tem ambições, para ele o que a terra dá, dá para todos, continua a se dividir, é um povo muito simples, eu adoro a cultura brasileira. Como nos referimos, eu vou para o Brasil e você vem para Portugal“.
Vejam bem, esse é o sentimento e o olhar de uma Portuguesa que convive com brasileiros, que admira a nossa terra e que conhece a historia, sabe dos problemas, e completa dizendo que o que mais gosta é a nossa liberdade, de ser quem quisermos ser, de nos vestirmos como quisermos, de sermos um povo autêntico.