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Apesar de as mulheres não serem mais suscetíveis a desenvolver doenças do que os homens, é consenso que a saúde feminina tem períodos mais frágeis que merecem atenção especial. Durante a fase reprodutiva, devemos estar atentas para prevenir o câncer de colo de útero, as infecções urinárias e ginecológicas. Na etapa do climatério, estamos mais suscetíveis à osteoporose, sarcopenia e câncer de mama. Além disso, algumas doenças estão muito relacionadas à população feminina, como a depressão, a fibromialgia e as enfermidades autoimunes. No entanto, o estresse e a falta de atividade física, aliados à má alimentação e à constipação intestinal – muitas vezes provocada pela dificuldade de evacuar fora de casa, reclamação comum entre as mulheres – levam a outro problema importante: a disbiose intestinal.

Segundo Celina Hiramatsu, nutricionista da Yakult do Brasil, um dos motivos de a disbiose atingir mais as mulheres é a própria anatomia do corpo feminino: o intestino é um órgão muito extenso e está muito próximo dos órgãos genitais. A mulher também é mais sensível e, dependendo da emoção e dos conflitos, poderá ter mais ou menos repercussões em nível corporal, em especial na função intestinal. Outro problema é a dificuldade para evacuar fora de casa ou em um ambiente desconhecido, o que faz com que muitas mulheres inibam o movimento peristáltico natural do organismo. De tanto fazer esse movimento contrário, o intestino pode tornar-se ‘preguiçoso’ e não funcionar regularmente como deveria.

O intestino possui a maior superfície de mucosas do organismo, com funções específicas para absorção de nutrientes e para proteger o sistema imunológico. A microbiota intestinal é composta por cerca de 100 trilhões de bactérias, de mais de 1000 espécies, que convivem em harmonia e equilíbrio. Entretanto, estresse, alimentação inadequada e uso frequente de antibióticos podem afetar os microrganismos bons, deixando que os patogênicos proliferem. Com essa microflora anormal, toda função digestiva será prejudicada e, a partir daí, podem surgir doenças localizadas e sistêmicas, além de infecções de repetição como a candidíase, uma das principais queixas das mulheres nos consultórios de ginecologia. E a mulher sofre mais com a cândida exatamente por causa da conexão intestino/genital.

Os alimentos com probióticos – como os leites fermentados – podem auxiliar as mulheres a ter uma relação menos conflituosa com o intestino e, consequentemente, menos risco de desenvolver infecções oportunistas. Esses seres microscópicos e benéficos presentes nos alimentos com probióticos são capazes de atravessar a barreira do estômago, sobreviver à ação da bile e chegar vivos ao intestino, ajudando a restabelecer o equilíbrio da microbiota graças à produção de ácido lático, que age de maneira estimulante sobre o peristaltismo.

Com isso, o organismo regulariza o trânsito intestinal e há uma melhora da constipação e da flatulência, problemas comuns entre a população feminina. Com a melhora do movimento peristáltico também há a eliminação de toxinas que costumam causar dores de cabeça, mal-estar, constipação, distensão abdominal e enxaqueca. Os lactobacilos probióticos têm a capacidade de digerir a lactose, controlando o desencadeamento de reações, como a intolerância à lactose. Além disso, alguns estudos indicam que os probióticos auxiliam no aumento da absorção de minerais como cálcio, magnésio e zinco, e promovem um sensível aumento de produção de ácido fólico e vitamina B12. Com isso, pele, unhas e cabelos ficam mais bonitos.

Para ter um intestino saudável é preciso estabelecer uma alimentação equilibrada. Uma sugestão é evitar a ingestão de muita carne, especialmente a vermelha, porque é um alimento que demora a ser digerido, principalmente em intestinos constipados. Também é fundamental ter uma alimentação rica em fibras, grãos, frutas, verduras e legumes, mastigação correta e boa ingestão de água, aliadas à prática regular de exercícios físicos e hábitos de vida saudáveis.

Foto: Reprodução