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Edição do Mês

Artista é cheio de determinação e se diz sobrevivente.

Fotos: Laercio Luz


A atuação conquistou o carioca Maurício Machado ainda muito novo, e ele acabou contrariando a vontade dos pais quando decidiu que queria ser ator. Apaixonado pelo que faz, afirma que jamais se viu fazendo outra coisa da vida. Ao longo da carreira de artista, Machado foi mostrando-se cada vez mais versátil, adquirindo experiência em novelas, peças, no processo de produção e na apresentação. Agora ele vive um marco na trajetória: 30 anos de carreira, e celebra com o espetáculo “Festa – a Comédia”. Em entrevista exclusiva ele recordou momentos e falou sobre a novidade, que está em cartaz desde o último dia 4.

Quando você se interessou pela atuação, seus pais não apoiaram. A partir de que momento eles aceitaram que você seguiria esse caminho? Em primeiro lugar quando ambos me viram em cena, e tiveram certeza de que tinha nascido para isso. Depois, quando saí de casa, e passei a lutar sozinho, sem qualquer ajuda ou vínculo financeiro deles.

Teve dificuldades de adaptação do Rio para São Paulo? Não. Só no comecinho tinha umas miragens achando que no final da Paulista vinha a praia… Coisa de carioca… Kkkk. Mas SP foi amor no primeiro instante.

Quais são os maiores desafios que um ator enfrenta ao longo da profissão? Poderia citar inúmeras. São muitas mesmo!!!! Mas, resumo em: Sobreviver nela e dela!

Além de ator, você possui experiência como produtor, apresentador e em eventos. Como é exercer tantas funções? Primeiro porque ser Ator está enraizado no meu ser, fui predestinado a isso, nem sei por que. Aos 12 anos tive certeza do que seria. Sem nunca sequer ter ido a um Teatro.

Apresentador me tornei, tendo apresentado mais de 200 eventos para grandes marcas em convenções, premiações, lançamentos, e me jogaram lá pela primeira vez … num ginásio do Ibirapuera para 13 mil pessoas no aniversário da tupperware, eu apresentava de manhã, o Ronnie Von de tarde… As atrações eram: Zezé di Camargo e Luciano, Leandro e Leonardo por aí.  Mas tudo isso dá muito prazer! Muito!!

O mais complicado é gerenciar equipe, tarefas, responsabilidades de uma equipe quando vc. produz ou administra negócios, como no meu caso, como produtor ou como sócio de um Teatro, e no qual também assino pela escolha artística da casa. Então lidar com toda essa gama de gente, pessoas é sempre o mais complicado da engrenagem toda.

O resto é uma questão de vestir papéis para cada hora. E isso já faço há anos e anos.

Tem algum trabalho dos sonhos? Trabalhar. Trabalhar na área artística e cultural no Brasil, cada vez mais em se tratando de apenas realizar já é um sonho!

Fale um pouco sobre “Festa – a Comédia”. Qual o balanço que você faz da sua trajetória? Foi um projeto que nasceu para celebrar meus 30 anos de carreira. E na verdade nem seria ele. Tinha pensado num clássico alemão (bem diferente desse trabalho né ?), mas foram anos e anos atrás do patrocínio para colocar 12 atores em cena, no espetáculo que teria a direção de Ulysses Cruz (ainda sonho em fazê-lo), e como estava estafado de correr atrás de patrocínio, pensei ‘vou fazer um projeto … tenho eu como ator …, tenho um diretor aqui na produtora (meu sócio’, e veio a ideia de pronto de uma única vez. Todo o argumento veio na minha cabeça e a estrutura dele, de ser em 5 esquetes, com todos os personagens ligados pelo mesmo tema e envolvimento: Uma festa infantil! Sonhei com os autores ! Walcyr foi o primeiro a aceitar, passei-lhe a ideia dos personagens que já tinham vindo na minha cabecinha e ele adorou escolhendo o seu… Ali, o projeto foi startado. Nascia ali FESTA A COMÉDIA. Foi inclusive a Walcyr que pedi orientação do título. Só Festa? Ou Festa, A Comédia?

Os Deuses do Teatro sabem das coisas, e num momento de carreira como o meu, tinha que ser Festa, para comemorar uma data como essa tão sonhada. Cheguei. Sou um sobrevivente. Então, vamos festejar. Com humor. Reunimos uma equipe extraordinária, e encampamos o projeto sem nenhum recurso financeiro. Guerrilha e luta absolutas. Mas, sem medir esforços. Dionísio que nos ajude! Esse é o balanço da minha trajetória: Muito amor, dedicação e luta constantes.

O Walcyr Carrasco esteve bem presente na sua vida. Como é sua relação com ele?Um querido amigo, com quem tive o prazer de atuar algumas vezes. A primeira peça que fiz, quando resolvi mesmo morar em SP, foi dele em 1989 (século passado, gente!). Antes tinha feito 2 outras, mas ia e vinha do Rio todo final de semana. Acompanhei seu crescimento como jornalista, dramaturgo, autor de novelas, escritor de muitos livros, membro da academia paulista de livros. Sempre torcendo e vibrando. Devo a ele também meu primeiro papel na TV, meu inesquecível Baltazar, que até hoje me reconhecem por ele em ‘alma gêmea’. Este é o meu quarto trabalho com ele. Quando assume um trabalho é extremamente compromissado, ágil, leal, companheiro, justo e joga junto, parceiro. É muito simbólico para mim pessoal e profissionalmente ele estar nesse timaço de autores de Festa.

O que te inspira no trabalho? Particularmente em mim, o desafio. E o talento dos que estão ao meu redor.

Quais seus hobbies? Como trabalho cerca de 12/14 horas por dia… Quando durmo já chamo de hobbie… Kkk

Mas tento na medida do possível praticar exercícios, adoro ler, gosto de ler os jornais do dia, teatro e cinema são sempre os melhores hobbies, e sempre que posso viajar é muito bom!

O que faz para cuidar do corpo e da mente? Do corpo é zelar e vigiar por ele. Da mente é ao final de um dia intenso serenar em casa, num ambiente harmônico, silencioso, plantas, meu bicho, em paz. E, saber que fiz tudo aquilo que devia e podia ter feito naquele dia.

É um cara vaidoso? Sim. Só não sobra muito tempo para cuidar de mim, como gostaria. Mas tenho fiéis médicos, e cuido muito da saúde que deve ser a maior de todas as vaidades. E graças a Deus a minha é perfeita. Praticamente um milagre para o tipo de vida e estresses que enfrento quer seja como ator, como produtor cultural, como sócio de um negócio como um Teatro enfim. Mas tenho hábitos saudáveis o que me ajudam muito: não fumo, não uso drogas, não bebo e raramente pego sol.

Depois de tantas conquistas ao longo de 30 anos de carreira, quais os próximos projetos? O jogo nesta profissão nunca está ganho. Sonhar é inclusive fundamental para seguirmos adiante. Depois de estrear ‘Festa, A Comédia’ que é um sonho … me preparo para começar a ensaiar e viver um dos maiores autores do mundo: Franz Kafka, em ‘Um Beijo em Franz kafka’ texto escrito para mim por Sergio Roveri, e continuo na busca por patrocínio para levar pela primeira vez a um palco no mundo, uma adaptação de ‘M, O Vampiro de Düsseldorf’, clássico filme de Fritz Lang, com adaptação de Fernando Bonassi e direção de Ulysses Cruz. Alguém me indica um patrocinador? Tenho uns projetos no audiovisual aí, que já já devo poder contar também…

No mais estou aí, esperando que o Universo faça a sua parte também.

Ping-Pong

• Nome: Maurício Machado, de batismo: Maurício Machado Vieira. Meu pai queria que eu tivesse usado o Vieira… rs.
• Idade: 45
• Local de nascimento: Rio de Janeiro.
• Altura: 1.71. Mas preferia dizer que é 1.81m rs
• Apelido: Pinguim na infância, por minha mãe. Hoje uns me chamam de Mau, Mauzito, e tem os cegos que me chamam de Gato.
• Qual é sua maior qualidade? Honestidade e ética.
• E seu maior defeito? No Brasil, um grave defeito é ser exigente.
• O que você mais aprecia em seus amigos? Lealdade.
• Sua atividade favorita é: Atualmente é dormir ou fazer nada. Um sonho ambos!
• Qual é sua ideia de felicidade? Ter saúde, viver em paz, com honestidade e consciência tranquilona.
• Quem você gostaria de ser se não fosse você mesmo? Um animal de estimação meu. São bem tratados, recebem muito carinho, não têm aborrecimentos e contas para pagar… rs.
• E onde gostaria de viver? Adoraria viver em Buenos Aires ou Madrid. E Lisboa, claro (mas este acho que acontecerá um dia).<
• Qual é sua viagem preferida? É sempre a próxima. E sempre para destinos novos…
• Qual é sua cor favorita? Gosto de duas. Verde e vermelho.
• E qual é sua comida favorita? Imbatível é feijão preto e arroz!
• Um animal: Cachorros e gatos.
• Quais são seus atores preferidos? Ixiii são muitos… Mas o gênio dos gênios no mundo tem nome: Chico Anysio!
• E seus cantores? Uma lista infindável. Ô Brasil… Tem algum lugar no mundo que tenha uma gama tão incrível de vozes como temos aqui? Independente de repertório, gosto de quem tem voz, alcance e sabe interpretar. Maria Bethânia é imbatível. Gal Costa, Vanessa da Mata, Zélia Duncan, Agnaldo Rayol, Caetano, Daniela Mercury, Roberta Sá, etc.
• O que você mais detesta? Mentira, covardia, falta de compaixão.
• Que dom você gostaria de possuir? Tocar instrumentos.
• Uma mania: Manhas & manias de eventos / manhas & manias projetos culturais.
• Um sonho de consumo não realizado: Um apartamento frente mar na orla de Ipanema.
• Uma lembrança de infância: O sítio no final de semana.<
• O que o irrita? Gente sem noção de educação. E que me empurre! rs.
• O que ou quem é o maior amor de sua vida? Minha mãe.
• O que você considera a sua maior conquista? Ter conseguido não fama… Mas, aquilo que sempre sonhei: respeito. Ter trilhado esse caminho praticamente sozinho, com fé, honestidade, por necessidade e também por amor. Deu certo. A conquista maior além do respeito, é ter conseguido nunca ter saído da profissão e viver só dela. Um feito enorme em se tratando de ser artista no Brasil.
• Qual é o seu maior tesouro? Certamente hoje tenho certeza: a junção sábia que apliquei da educação que recebi com o discernimento crítico de seguir em frente nos meus propósitos sem esquecer dos valores ensinados por meus pais.
• Defina-se em uma palavra: Sobrevivente.