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《 ARQUIVO 》

Imagine-se em um cenário luxuoso. Sem nenhum tipo de limitação. Como se sua  conta bancária não representasse nenhum obstáculo a realização de seus  sonhos. Pronto? Qual foi o resultado? Você se viu em um dos mais  tradicionais hotéis parisienses com muito veludo, muito dourado, muitos  cristais e espelhos? Ou você está em uma praia paradisíaca nas Maldivas com  areia branca e água turquesa? Em qualquer das situações, você está com joias  caríssimas e roupas de grife?
Para os adeptos do novo luxo, você poderá estar vivendo uma realidade  cafona. Depende do seu prazer e da sua plateia.  O novo luxo não tem  necessariamente a ver com a ostentação que foi uma marca dos últimos anos.  Para as pessoas mais ricas do planeta e que usam seu dinheiro para bem  viver, luxo é poder fazer o que lhe dá mais prazer sem ter que  necessariamente depender da aprovação, do aplauso e da admiração dos outros.
Assim, ter a possibilidade de ficar em casa, lendo seu livro predileto,  vendo aquele filme que você tanto gosta, junto das pessoas queridas, com uma  sensação de plenitude e felicidade,  sem ter nenhum tipo de preocupação é a  representação mais perfeita do novo movimento de luxo.
Isso não quer dizer que ter joias incríveis, roupas lindíssimas, carros  velozes com tecnologia de ponta e viagens para lugares cinematográficos não  possam ser também parte do universo do luxo. Desde que isso tenha a ver com  prazer pessoal e não com exibicionismo, aprovação alheia e insegurança.
O luxo é uma experiência. É viver em plenitude. Obviamente sem que isso  represente um problema para o meio ambiente, para as futuras gerações e para  a dignidade humana.
Há quem diga que ter e não poder mostrar não faz sentido. Justamente os  novos criadores do luxo querem se aproveitar de tudo o que o homem produziu,  da excelência e da tradição para gerar o que os franceses chamam “joie de  vivre” (alegria de viver).
O luxo justamente é o avesso do consumismo. Produtos luxuosos são para a  eternidade. Paga-se muito para usufruir por um tempo enorme. Bolsas, joias,  obras de arte que passam de gerações a gerações. Lowsumerism (menos  consumismo) é o avesso das fast fashion. É voltar a fazer roupas exclusivas,  sob medida, em alfaiates e costureiros. É não ser um outdoor ambulante de  marcas. É não ter que enfrentar filas em restaurantes e checkin de  aeroportos, é ter exclusividade. É sobretudo ter sua intimidade preservada.  Não ter de ser visto, fotografado ou gravado por nenhum gaiato profissional ou amador.
O lowsumerism é a volta do bom gosto tradicional. Como aqueles nobres  ingleses, do seriado Downton Abbey, em que a elegância se mostra atemporal e  a discrição, fundamental.