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Para o fashionista, a moda vai continuar focando no conforto, com roupas de modelagens mais soltas e modernas

A moda sempre foi influenciada pela realidade do mundo. A pandemia do coronavírus certamente impactou não só os eventos do universo fashion, como as temporadas de desfiles, mas também o futuro das roupas em si. Com a quarentena, as pessoas deixaram um pouco de lado a extravagância para vestir peças mais confortáveis – o que explica o boom da loungewear, por exemplo.

Para o especialista Édipo Pereira, o estilo masculino, em especial, vai passar por muitas transformações após a pandemia.

“A moda sempre funcionou como um reflexo da sociedade. Quando ocorre uma situação que modifica nossa maneira de viver, nosso jeito de nos vestirmos também é alterado. Por isso, iremos transformar a maneira de interpretar a moda, assim como aconteceu após as guerras mundiais e as pandemias do passado.”

Com o aumento do home-office, muitos homens substituíram o combo terno e gravata por combinações mais práticas, como o loungewear, que em tradução livre significa “roupa de ficar em casa”. Indo dos pijamas aos conjuntinhos de moletom, eles ganham modelagem e acabamento mais chiques.

“O estilo comfy veio com muita força em 2020 e continuará após a pandemia. Acredito que, em um futuro próximo, no chamado ‘novo normal’, vamos ousar em looks chiques, porém sem deixar de ser confortáveis”, indica.

Há muitos pesquisadores e influenciadores que destacam as mudanças na relação entre o consumo da moda após um período tão turbulento, principalmente quando se fala de fast-fashion. Édipo acredita que o público tem comprado menos por impulso e mais por necessidade, investindo em peças mais básicas para possibilitar uma maior gama de composições. Além disso, muita gente descobriu o universo dos brechós nos últimos meses, ressaltando o conceito de economia e sustentabilidade.

“Muitos pararam de seguir tendências e estão optando por peças mais versáteis, para diversas ocasiões do dia a dia. Outra prática que só cresce é o comércio de roupas usadas, que ganharam versões digitais e até mesmo assinadas por celebridades”, opina.

“Nesse cenário, os consumidores buscam cada vez mais por marcas com propósito, que se posicionam a favor de um bem comum, como a sustentabilidade, proteção ao meio ambiente, relevância social e diversidade.”

As últimas fashion weeks, como as de Nova York, Paris e Milão, ainda apresentam outras pistas sobre essas transformações na moda masculina.

“Tanto nas coleções masculinas quanto femininas, as últimas tendências mostradas nas passarelas evidenciaram modelagens mais soltas, mas nada desleixadas, em um mix de conforto e sofisticação”, afirma. “A alfaiataria mostrada, por exemplo, não é daquela básica, para ocasiões formais como escritório e casamento. Ela veio com um toque mais despojado de street style.”

Para ele, o desfile da Louis Vuitton foi um dos pontos altos das últimas coleções, que não mediu esforços para trazer uma alfaiataria diferenciada.

“As novas coleções são repletas de lavagens diferentes, assim como fez a marca Dsquared2. Tiveram muitas referências a modelagens de época, porém com elementos mais urbanos e modernos”, pontua o fashionista.

Segundo ele, as cores e estampas finalmente vão fazer parte do guarda-roupa masculino com uma frequência maior.

“As cores e estampas não serão mais exclusivas da moda feminina e trarão muita personalidade aos looks masculinos. Tonalidades diversas, desde as mais vibrantes até as pastéis, podem aparecer em composições monocromáticas, que focam na elegância, ou de forma mais discreta, em detalhes de acessórios e sapatos”, explica.

“Com o surgimento da covid-19, a teoria das cores nunca fez tanto sentido. Como apontam os estudos, elas atuam em nossa mente de maneira positiva. Como tudo passou a ter outro ponto de vista na pandemia, nossas vidas mudarão e no decorrer do processo, nossos estilos também”, acrescenta Édipo