Elas dão vida ao distanciamento, preenchem nossa solidão, alegram o nosso dia, promovem o encontro com quem gostamos e estamos longe, nos fazem pensar, sonhar, nos ensinam, nos aproximam. O que seria do isolamento sem as lives, não só a dos grandes cantores como Roberto Carlos, Ivete Sangalo e tantos outros que são música aos nossos ouvidos. Mas todas as outras, de tantos assuntos, que fica até difícil escolher e acompanhar… Elas são as queridinhas do momento e vieram para ficar. Com a palavra, gente que faz e acontece.
Nizan Guanaes, empresário e publicitário
“O futuro do marketing é conteúdo. Isso vinha sendo dito havia tempos. Agora acelerou. Todo domingo estou estagiando nas lives. Elas viraram a cara da comunicação do momento. Eu adoro as novidades. Tenho visto lives fabulosas. As do Maurício Machline com grandes nomes da nossa música popular; as cultas de Bruno Astuto; as lives missas do padre Fábio de Melo no domingo, assistidas por 100 mil pessoas. As da Angélica, que medita com centenas de milhares. Já vi live do Jorge Paulo Lemann, da Paula Lavigne, do FHC, do Bill Gates, da Naomi Campbell.Tem de tudo e tudo de graça. A live é o embrião de uma outra televisão. Ela não vai aniquilar nem superar outros meios de comunicação. Vai refrescar, trazer novos ângulos. As pessoas estão trancadas em casa. Com as lives ganharam uma varanda para escapar da loucura. A live de Ivete Sangalo, na Globo, bateu em determinados momentos a audiência de alguns dos maiores programas da TV. Com as lives, estamos emulando Decameron, a obra-prima de Boccaccio, que coloca os personagens contando histórias para passarem o tempo em seu confinamento na Peste Negra, em Florença, no século 14. As lives são isso, no século 21. Pessoas que estão desconectadas por que não podem sair à rua estão se reconectando via lives. A humanidade, diante das dificuldades, encontra novas saídas. Sempre foi assim. Aproveite as lives para aprender, para distrair. Tenho feito três lives consecutivas todo domingo a partir das 18h. Já entrevistei Doria, Mandetta, Carmen Lúcia, Huck. No dia da Anitta, 268 mil pessoas assistiram. Não sei como a live vai evoluir. Depois que tudo isso passar, e vai passar, boa parte das lives desaparecerá. Ou não. Mas sei que toda essa inteligência que transborda das lives é um dos marcos desta era. Todo mundo está falando. Falar é compartilhar; compartilhar é unir. E unir inteligências é o que precisamos para superar esse momento.”
Nina Kauffmann, promoter e influenciadora digital
“Interagir ao vivo com seguidores é uma tendência que tomou conta dos principais sites de compartilhamento de conteúdo do mundo e mídias sociais. As lives, além do sucesso que fazem, são um ótimo canal para você ganhar mais visibilidade no meio digital e é uma experiência extraordinária. Todos os meus entrevistados até o momento foram escolhidos de acordo com o perfil e interesses dos meus seguidores. Tenho um blog chamado Visão de Moda, que fala sobre moda, arte, consumo, comportamento, e procurei trazer para as lives esse conteúdo junto com os meus entrevistados. Até o momento tenho tido uma resposta muito boa dos meus seguidores. Já participaram das minhas lives Paulo Pereira, jornalista de moda residente em Paris há 20 anos; Adriana Lerner, correspondente de arte internacional para Harper’s Bazaar; Manoel Thomaz, psicanalista; Milton Cunha, mestrado em Belas Artes e expert em Carnaval; Paulo Conegero, consultor em moda e luxo; Dr. Galileu, cofundador da MedRio. Estou gostando muito dessa experiência e pretendo continuar pós-flexibilização do distanciamento social, porque hoje as mídias sociais são os principais canais de comunicação da história da humanidade”.
Priscila Bentes, CEO e sócia fundadora do Circuito Elegante, criadora do grupo das Sete+
“Pensei em fazer uma live por vários motivos. Por que está todo mundo em casa. Por que tinha necessidade de comunicar o que estava acontecendo com os hotéis do Circuito Elegante, único selo de hotelaria de qualidade do Brasil. Por que precisava estar mais perto do público viajante, nosso público-alvo. Foi feito um estudo dos melhores horários para nossos seguidores e ficou estabelecido terças e quintas, às 20h; e sábados, às 18h. Duração de meia hora, por que tem muitas lives acontecendo, então procuramos concentrar uma grande quantidade de conteúdo em pouco tempo. Fica mais interessante. Lançamos logo no início da pandemia, por que os hotéis, administrados por famílias, ficaram desesperados. Precisavam de receita para sobreviver enquanto fechados. Criamos uma ação de turismo nacional, com baixa tarifa, sem lucro, para vendas antecipadas, para aguentar esse período de quarentena. E as lives vieram para contar um pouco dessa história, para fomentar o turismo nacional, para falar que estamos vendendo com tarifas mais baixas, que tudo isso vai passar, e para lembrar que a gente existe. De uma semana para cá, houve um excesso de lives. Mas vamos seguir contando essas histórias de sonho de famílias que resolveram abrir suas casas e trabalhar com turismo; a maioria, aposentados. Terminado este período de isolamento, não pretendo fazer mais lives. O primeiro momento vai ser de apagar incêndio. Já estamos pensando na reabertura. Por enquanto, estou adorando as lives, um momento gostoso de reencontro com um monte de gente que entra e participa.”
Gottsha, cantora
“Essa história de lives eu já tinha começado a fazer poucas, antes mesmo da pandemia, pois via alguns amigos fazendo e achava divertido. Assim que começou o confinamento, pensei: como divertir as pessoas e a mim mesma, se não sabemos quando isso terminará? Daí veio a ideia das lives. Tenho duas lives fixas, uma que faço com uma amiga, cantora e atriz de musicais chamada Simone Centurione, geralmente de três a quatro vezes por semana, à meia noite (sem data certa, avisamos de véspera), intitulada ‘Live da madrugada – na cama com elas’, onde falamos sobre vários temas sexuais e cantamos alguns trechos de músicas a capella, conforme nos são pedidas. A outra live é ‘Gottsha convida’, com personalidades do cenário artístico e acontece quinzenalmente, através do instagram do meu selo @spottlightrecord, às terças, às 21h. A finalidade é apenas entreter, fazer rir, desvendar curiosidades e fazer amigos, já que estamos todos bastante carentes e alguns bastante solitários e até deprimidos. Não temos um público alvo. A da madrugada só não é aconselhável para menores, pois conversamos com muita naturalidade sobre orientação sexual, histórias verídicas, sexo e afins. A outra live é para todo tipo de público. Aliás, não tenho nenhum preconceito com nada, só não acho bacana crianças ouvindo alguns termos e histórias que ainda não são de sua compreensão. Estou amando a experiência, pois recebo muitos recados de gratidão, carinho, presentes a domicílio, alguns textos, até questões íntimas e pessoais, e são todos respondidos com o maior prazer e atenção. Pretendo, sim, após a pandemia continuar as lives, mas em outro formato e com uma questão de monetização, já que em algumas redes sociais isso é possível e nós artistas não estamos tendo de onde tirar subsídios nesse momento. A resposta da live da madrugada é sempre boa. Temos médicos, advogados, celebridades etc nos prestigiando, pessoas incríveis de todo o Brasil e do mundo, algumas conhecidas minhas, outras que estão se tornando amigas. As lives da gravadora são uma nova empreitada. Só tivemos uma por enquanto, mas na próxima contaremos com a participação luxuosa de Miguel Falabella, se não me engano, pela primeira vez em uma live.”
Kristhel Byancco, presidente da Fundação Fé, Esperança e Caridade, e joalheira
“Antes da grande pandemia, eu já estava fazendo vídeos e post com minhas frases e pensamentos para divulgar minha nova carreira de palestrante e coaching. Minha finalidade com as lives é divulgar meus trabalhos na @labyancco, minha empresa que já existe há 24 anos, de representação, produção, captação e administração de meus produtos – jóias e óculos, e da minha fundação Fec – @fundacaofec, criada por mim para capacitação de profissionais, inclusão social dentro das comunidades carentes e ajuda a pessoas com deficiência e pessoas idosas. Meu público-alvo são gerentes de vendas, diretores, pessoal de RH com as palestras e mentorias, mulheres empoderadas e de estilo, homens que gostam de joias, instituições governamentais e sociedade solidária, para nos apoiar nos projetos sociais. Estou amando a experiência. Sou atriz e comunicadora , empresária há mais 36 anos. Falar com meu público é o que mais me dá prazer e retorno como empresária e artista. Curiosidade: me arrumo como se fosse para uma grande entrevista presencial. As minhas lives são um acontecimento! Tenho dois filhos, que participam comigo. O meu primogênito é comunicador nato e está em uma profissão linda, gastronomia, chef Newton Rique. Estamos fazendo vídeos com dicas de pratos incríveis. A minha filha Rebeca Rique quer ser produtora, então já estou ensinando como produzir. Sou muito detalhista e organizada e isto é bom para quem quer galgar esta profissão. Vamos continuar fazendo lives pós pandemia no Facebook, Instagram e YouTube. Tanto eu quanto o Newton temos canais YouTube. Hoje em dia e para o futuro são as ferramentas digitais que irão alavancar sua vendas e trazer visibilidade para seu business. Tanto vendas diretas quanto indiretas para público de todas as áreas. Antigamente, eram os jornais, rádios e TVs e hoje a inovação e advento do áudio visual. Todo público tem interesse em ver tudo e consumir intelectualmente , mesmo que não tenha condições financeiras para abraçar todas as opções. A internet democratizou as classes. Com certeza não haverá outro caminho, somos seres humanos curiosos e vorazes em consumir o inusitado e o belo. Sempre gosto de aguçar os valores da alma, família, gratidão, solidariedade, beleza, identidade, fé, assuntos de utilidade pública pública, como a violência doméstica, alcoolismo e drogas. A sociedade está adoecendo, as dificuldades que nos limitam estão trazendo doenças comportamentais e psicossomáticas. O homem precisa entender que estamos neste mundo por um propósito e missão. De passagem, e que a nossa morada não é aqui.Tudo e todo assunto que nos motiva, nos alegra, nos encanta me leva a pesquisar e a me movimentar para trazer nas minhas lives.”
Lindonice de Brito, advogada e empresária
“Pensei em criar uma live por que vi ser um meio de comunicação eficaz para quem tem temas para compartilhar e principalmente network. Minha finalidade é compartilhar assuntos importantes, aproveitando o tempo da quarentena. Meu público alvo: pessoas que gostem de cultura e que sejam próximas, tanto da cadeia de amigos, como de clientes. A experiência é fantástica, por que aproveitamos melhor o nosso tempo usando uma ferramenta de muito alcance na transmissão da informação. Com certeza pretendo continuar pós-pandemia, por que é um eficaz instrumento de trabalho. A resposta tem sido foi muito boa até agora.”