Lara Donatoni Matana é uma artista que trabalha em harmonia com a natureza, que atua em defesa do planeta e quer resgatar a humanidade através de seu trabalho artístico. Do descarte de madeira, que será reutilizada de forma sustentável e inteligente, ela extrai efeitos sedutores de placas, caibros, toras, tocos e toquinhos, sarrafos, farpas, lascas e, principalmente, lâminas. Assim, alcança resultados visuais de grande efeito, que remetem aos caleidoscópios, rosáceas, prismas e arabescos.
É por meio da meditação e da prática do yôga que Lara faz essa reflexão para trabalhar o belo em suas obras e estimular as pessoas a viver de uma forma mais harmônica. “O trabalho da sustentabilidade está intrinsecamente ligado à percepção de que o homem é um sujeito atuante na natureza. Como então trabalhar a sustentabilidade sem a nossa inclusão nesse processo?”, questiona a artista.
Nascida no interior de São Paulo e radicada no Mato Grosso, Lara descobriu a arte aos 22 anos, quando começou a estudar pintura. Autodidata, se dedicou a pesquisas individuais de materiais e de linguagem própria até descobrir seu caminho.
Rapidamente sua arte ganhou notoriedade ao trazer as madeiras caídas e desprezadas para criação dos quadros, esculturas e objetos de design, no momento onde o termo sustentabilidade ganhou terreno e força, tornando-se uma bandeira de engajamento humanístico e ecológico.
Com muita sensibilidade, a artista revela em suas obras um olhar abstrato para o que é belo. Luzes e sombras, cores e efeitos, tudo reflete no seu imaginário criativo. Temas como metafísica, física quântica, filosofia e psicanálise são importantes fonte de pesquisa para seus trabalhos. “É a percepção do todo através das obras”, diz.
As obras materializam a essência da criadora por meio de suas impressões e sensações, de coisas que a sensibilidade alcança, como a plenitude, o equilíbrio e a harmonia. “Na meditação a consciência expande e aumenta a percepção de possibilidades do belo, de luz, de amor, de tudo o que você não perceberia naturalmente. São anos de estudo, dedicação e prática”, diz.
Depois de quase 30 anos morando em Cuiabá (MT), mudou-se para Valinhos (SP) em 2014, onde construiu um espaço integrado de suas atividades: o estúdio de yôga, a marcenaria, o ateliê e a galeria de arte, onde está exposto seu acervo. A ideia é proporcionar uma experiência de vivência, meditação e conexão entre homem, arte e natureza.
Ao longo de sua carreira já participou de mais de 20 exposições individuais e coletivas no eixo – Cuiabá/ São Paulo/Rio de Janeiro e Curitiba, e também em Miami e Paris. Em 2007 tornou-se imortal da Academia Brasileira de Belas Artes – ABBA – assumindo a cadeira número 42 de escultora. Em 2008, por unanimidade, teve sua elevação de grau para a cadeira número 02 da ABBA, cujo patrono é o pintor Henrique Bernardelli.