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FAMOSOS

“Se quer falar comigo, então fala direito, fala direito!”, canta Karol Conka em Tombei, música que a consagrou como uma das rappers brasileiras mais influentes e que transmite 100% da personalidade marcante dela.

Karoline de Freitas Oliveira tem 29 anos e nasceu em Curitiba. A paranaense veio de uma família sem nenhuma ligação com a música. No entanto, sua mãe – seu grande exemplo de mulher e feminista – escrevia poesias e inspirou Conka a escrever desde criança.

Em 2014 Karol Conka estourou com o single citado acima, em parceria com Tropikillaz e se fez ouvir em todas as baladas ao redor do Brasil. Ela vem colecionando grandes hits em parcerias não só com Tropikillaz, mas também com Projota e Boss in Drama.

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A cantora se tornou um símbolo de resistência para as mulheres negras. Conka não apenas canta, mas se posiciona politicamente em busca do empoderamento de mulheres negras e da importância do amor próprio e autoestima.

Nas músicas “Você não vai”, “Que delícia”, “Tombei”, “Me Garanto” e outras, você fala muito sobre empoderamento da mulher negra. O que você pensa sobre essa questão?

Karol Conka: É muito importante ter esse tipo de música porque existem muitas meninas frustradas precisando de uma palavra de conforto. E a mídia e a sociedade reforçam esse padrão e criam pessoas frustradas. Eu já passei por isso. Quando eu era mais nova, me sentia muito mal por ser diferente. Por isso, resolvi escrever músicas que ajudassem outras meninas que sentiam a mesma coisa que eu.

Você sentiu alguma dificuldade na sua trajetória como cantora? O fato de escolher o rap, ser mulher e negra afetou em algo?

Olha, dificuldade sempre tem.. Eu passei algumas, mas eu acho que tive uma espécie de sorte porque era pra eu ter passado por coisa pior. No rap o problema não é ser negra, porque ele faz parte da cultura negra e tem uma raiz negra muito forte. O que torna difícil é ser mulher, é receber respeito sendo mulher. A gente só consegue respeito quando fala grosso, fala alto e faz um trabalho melhor do que os caras.

Você se considera feminista?

Hoje eu me considero feminista, sim. Quando a gente tem informação, a gente consegue ver que toda mulher que entende o que é o feminismo gostaria de ser feminista. Quando eu era mais jovem eu enxergava o feminismo como um bicho de sete cabeças, não entendia muito bem. Depois de muitas fãs comentaram que eu era feminista, que minhas letras falavam do feminismo de alguma forma, eu fui atrás de saber o que era e percebi que eu já era tudo aquilo que estava lendo.

O que o feminismo representa pra você?

Meus maiores exemplos de feministas são minha mãe e minha vó, duas mulheres muito fortes. Minha vó apanhou muito do meu avô, conseguiu sair viva disso e se fortalecer para colocar um fim nessa violência. Ela me ensinou a nunca abaixar a cabeça pra homem nenhum e ficar esperando porque eles querem sempre levar vantagem em tudo. Além de ser libertador, o feminismo serve para buscar mudanças que precisam ser feitas na sociedade. Ele é essencial para formação das crianças, deveria ser ensinado na escola, tinha que estar nos livros que são lidos nas salas de aula.

Essa matéria foi originalmente publicada no HuffPostBrasil.