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Apesar das Olimpíadas ter tido diversos momentos onde o amor e respeito mostraram a sua força, um caso mostrou o ódio, o preconceito e desrespeito contra uma atleta. A nadadora Joanna Maranhão, após ficar de fora da semifinal dos 200 metros medley nas Olimpíadas viu as suas redes sociais tomadas de ataques e xingamentos.

As mensagens de cunho machista, preconceituoso referiam-se a seu posicionamento político, tendo entre os comentários a menção à expressão “Tchau, querida”, usada pelos defensores do impeachment da presidente Dilma Rousseff, outros sugeriam que a nadadora teria mentido sobre os abusos sexuais que sofreu na infância pelo seu treinador.

Joanna deu uma entrevista ao canal SporTV na qual afirmou que irá processar todas essas pessoas. A renda conseguida na justiça será destinada a ONG que criou para combater a pedofilia. Na entrevista comentou sobre os a segurança que as pessoas tem de ofender as outras na internet “as pessoas se sentem seguras por estarem atrás de um computador e eu aguentei por muito tempo. Eu falo muitas coisas que outros atletas não falam, eu aguento porrada, mas, tem um certo limite”.

A nadadora usou as suas redes sociais para falar sobre o caso.

Em 1990, minha mãe tomou a melhor decisão pra mim, a partir do momento que me matriculou na escolinha de natação. Minha relação com esse esporte é algo tão profundo que se confunde com quem eu sou, eu me sinto completa quando estou na água, me sinto feliz quando conquisto o que almejo e me sinto desafiada a tentar mais uma vez quando olho pro placar e não vejo o tempo que queria. Finalizando minha participação em jogos Olímpicos pela quarta vez, a sensação de gratidão só aumenta. Eu dei meu 100%. Esses 100% não foram suficientes pra me colocar em uma semi Final que era meu primeiro objetivo, mas eu não me envergonho disso. Eu me orgulho. Me orgulho de ter me mudado pra São Paulo e tentado mais uma vez. Me orgulho das vezes em que acordei com o corpo dolorido mas ainda assim fui lá e cumpri com os treinos. Isso não faz de mim uma heroína, faz de mim um ser humano, que busca o melhor de si da mesma forma que uma mãe que mata um leão por dia pra colocar comida na mesa pros filhos. Eu represento quem luta pelo melhor de si, a única diferença é que minhas lutas são públicas, vocês assistem pela TV, mas somos todos iguais, estamos todos, todos os dias, buscando a nossa melhor versão. Errando, buscando, aprendendo. Eu nadei por vocês e vocês nadaram comigo. Continuarei buscando. #busca #aprendizado #jornada #lição

Uma foto publicada por Joanna Maranhão (@jujuca1987) em

 

 

Confira alguns trechos do depoimento de Joanna:

“Fui dar uma olhada no Facebook e me deparei com uma enxurrada de agressões. Pessoas comemorando porque eu não peguei a semifinal por cinco centésimos, algumas diziam que eu merecia ser estuprada, outras dizendo que a história da minha infância era uma grande mentira”.

“O Brasil é um país muito racista, muito machista, muito homofóbico, vem de uma cultura futebolística que as pessoas acham que quando chega em um esporte olímpico elas têm o direito de nos tratar como tratam um jogador de futebol quando não ganham. Acho que nem os jogadores de futebol merecem esse tratamento que eles têm, muito menos a gente.

Eu sempre me posicionei politicamente, porque sinto que todo ser humano tem um papel a fazer. Eu acredito no meu país e acredito em um caminho menos corrupto de ser, mas eu quero um país para todo mundo. Não quero que a Tais Araújo fique sendo chamada de ‘macaca’, que a Rafaela Silva seja chamada de ‘decepção’ e só quatro anos depois as pessoas se deem conta do valor dela”.

“Eu não subi no bloco para perder, e não é muito difícil as pessoas entenderam isso. As pessoas se frustrarem porque alguns resultados não são bons é compreensível. Mas, passar para a linha do desrespeito é complicado. Não quero me fazer de vítima, mas eu lutei muito para ser a melhor atleta do Brasil não sucumbir à depressão e à minha história.

Eu batalhei muito para estar aqui, e de repente as pessoas me questionando, questionando minha história, isso é muito duro. Eu queria que existisse um mecanismo para que as pessoas encostarem em mim e vissem o que eu passei aos 9 anos. Para fazer entender o quanto a pedofilia é uma coisa séria”.