Apesar das Olimpíadas ter tido diversos momentos onde o amor e respeito mostraram a sua força, um caso mostrou o ódio, o preconceito e desrespeito contra uma atleta. A nadadora Joanna Maranhão, após ficar de fora da semifinal dos 200 metros medley nas Olimpíadas viu as suas redes sociais tomadas de ataques e xingamentos.
As mensagens de cunho machista, preconceituoso referiam-se a seu posicionamento político, tendo entre os comentários a menção à expressão “Tchau, querida”, usada pelos defensores do impeachment da presidente Dilma Rousseff, outros sugeriam que a nadadora teria mentido sobre os abusos sexuais que sofreu na infância pelo seu treinador.
Joanna deu uma entrevista ao canal SporTV na qual afirmou que irá processar todas essas pessoas. A renda conseguida na justiça será destinada a ONG que criou para combater a pedofilia. Na entrevista comentou sobre os a segurança que as pessoas tem de ofender as outras na internet “as pessoas se sentem seguras por estarem atrás de um computador e eu aguentei por muito tempo. Eu falo muitas coisas que outros atletas não falam, eu aguento porrada, mas, tem um certo limite”.
A nadadora usou as suas redes sociais para falar sobre o caso.
Confira alguns trechos do depoimento de Joanna:
“Fui dar uma olhada no Facebook e me deparei com uma enxurrada de agressões. Pessoas comemorando porque eu não peguei a semifinal por cinco centésimos, algumas diziam que eu merecia ser estuprada, outras dizendo que a história da minha infância era uma grande mentira”.
“O Brasil é um país muito racista, muito machista, muito homofóbico, vem de uma cultura futebolística que as pessoas acham que quando chega em um esporte olímpico elas têm o direito de nos tratar como tratam um jogador de futebol quando não ganham. Acho que nem os jogadores de futebol merecem esse tratamento que eles têm, muito menos a gente.
Eu sempre me posicionei politicamente, porque sinto que todo ser humano tem um papel a fazer. Eu acredito no meu país e acredito em um caminho menos corrupto de ser, mas eu quero um país para todo mundo. Não quero que a Tais Araújo fique sendo chamada de ‘macaca’, que a Rafaela Silva seja chamada de ‘decepção’ e só quatro anos depois as pessoas se deem conta do valor dela”.
“Eu não subi no bloco para perder, e não é muito difícil as pessoas entenderam isso. As pessoas se frustrarem porque alguns resultados não são bons é compreensível. Mas, passar para a linha do desrespeito é complicado. Não quero me fazer de vítima, mas eu lutei muito para ser a melhor atleta do Brasil não sucumbir à depressão e à minha história.
Eu batalhei muito para estar aqui, e de repente as pessoas me questionando, questionando minha história, isso é muito duro. Eu queria que existisse um mecanismo para que as pessoas encostarem em mim e vissem o que eu passei aos 9 anos. Para fazer entender o quanto a pedofilia é uma coisa séria”.