Longe dos palcos e das telinhas desde a década passada, quando foi diagnosticada com uma doença chamada hidrocefalia oculta, Tônia Carrero nunca deixou de receber o carinho da família e dos amigos. Em festas de aniversário e de final de ano, o filho Cécil Thiré, os netos Luiza, Carlos e Miguel (todos também atores), bisnetos e sobrinhos estavam sempre por perto. A diva também recebia a visita de amigos como Maria Zilda Bethlem, com quem contracenou na novela “Água viva”, em 1980.
Tônia Carrero morreu na noite de sábado (3), por volta das 22h15m, vítima de uma parada cardíaca, aos 95 anos. Ela havia sido internada na sexta-feira, na Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro, para a realização de um um procedimento cirúrgico simples, mas não resistiu. O corpo da atriz está sendo velado no Theatro Municipal.
Consagrada no teatro, cinema e televisão, Tônia, nascida Maria Antonietta de Farias Portocarrero, no Rio de Janeiro, era filha do general Hermenegildo Portocarrero e de D. Zilda de Farias. Apesar de graduada em Educação Física, a formação como atriz aconteceu em cursos em Paris, quando já era casada com o artista plástico Carlos Arthur Thiré, pai do ator e diretor Cecil Thiré, seu único filho.
Antes de partir para a França, ela fez um pequeno papel no filme “Querida Susana”. Foi a estrela da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, na qual atuou em diversos filmes. O teatro entrou em sua vida através do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em São Paulo, com a peça “Um Deus dormiu lá em casa”, em parceria com o ator Paulo Autran.
Após a passagem pelo TBC, formou com seu marido à época, o italiano Adolfo Celi, e com o amigo Paulo Autran, a Companhia Tônia-Celi-Autran (CTCA), que nos anos 1950 e 1960 revolucionou a cena do teatro brasileiro ao constituir um repertório com peças de autores clássicos, como Shakespeare e Carlo Goldoni, e de vanguarda, como Sartre.
Na TV, um dos seus personagens mais marcantes foi a sofisticada e encantadora Stella Simpson em “Água viva” (1980), de Gilberto Braga. Tônia viria a trabalhar novamente com o autor em 1983, na novela “Louco Amor”, dessa vez interpretando a não menos charmosa e chique Muriel. Sua última aparição na telinha foi em “Senhora do destino”, recentemente reprisada.