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DIVERSÃO

Cabelos coloridos, corpo todo tatuado, estilo underground, mas com um jeito sensível e inteligência apaixonante. Assim é Heitor Werneck, 52 anos, um dos nomes mais respeitados da moda no Brasil. Estilista, figurinista, produtor cultural, de moda e de eventos, teve seu nome em destaque na imprensa nacional com a criação da grife Escola de Divinos, sucesso entre os grandes clubbers nos anos 90 por todo o país.

São 18 ou 20 anos? Nem o próprio Heitor sabe direito quando a Escola de Divinos começou, mas o fato é que a história da marca se confunde com a história da noite paulistana. Para lembrar de cada etapa, o estilista precisa pensar, por exemplo, em qual era o clube do momento. A marca originalmente fez parte da história da noite paulistana vestindo clubbers, punks e todo mundo que curtia um visual super diferente!

Werneck também foi realizador do Pulgueiro, movimento que reunia stands de marcas alternativas e modificação corporal. No local Werneck  reunia grandes expositores na moda no momento, além de grandes movimentos artísticos da época. O evento rolava no Galpão da Casa da Retortas, no Parque D. Pedro.  Conhecido na noite de São Paulo por realizar diversas performances, suspensão corporal (body art) e participar da organização de festas em conhecidos espaços, como: Madame Satã, Clube Massivo, Club Senhora Krawitz, Mercado Mundo Mix.

A pausa para tratar o “Osteosarcoma”.
Heitor Werneck no auge de sua carreira, descobre um tumor ósseo maligno, “osteosarcoma” que atingiu seu quadril, ombro e coluna. Durante sete anos, Heitor intercalou radioterapia, quimioterapia, fisioterapia, RPG, acupuntura, pilates e realizou quatro cirurgias, para combater os males da doença. Em meados de 2006, utilizou-se de uma cadeira de rodas para se locomover e com a retirada dos tumores e sucesso na recuperação, sentiu a necessidade de criar algo inusitado para atender um público específico.

Foi então que surgiu o “Projeto Luxúria”, uma festa fetichista que recebe convidados de todo o Brasil e de todas as classes sociais. Em seu formato predomina o couro, látex, BDSM (Bondage e Disciplina, Dominação e Submissão, Sadismo e Masoquismo), podolatria, entre outros. O dress code é imprescindível e utilizado pelos frequentadores baseado em looks sadomasoquistas, militares, circenses e fantasias de couro e látex. Os valores da entrada variam dependendo do traje, a partir da avaliação da hostess, paga menos quem estiver dentro do conceito e mais quem estiver com peças básicas.

Nasce o “Projeto Luxúria e o Rei do Fetiche”
O que era apenas um projeto para entreter a recuperação de Werneck, a festa ganhou corpo e se tornou a principal festa Fetichista do país. “Quem pensa que o Luxúria é uma festa de sexo, está enganado. É uma festa de “fetiches” onde os convidados liberam as suas fantasias e se divertem com respeito. Tem clientes que não gostam de ser tocados, os demais respeitam. Por exemplo, executivo de multinacional que tem fetiche de ser um lustre, parado e as pessoas tocarem. O público respeita a vontade do outro, sem baixaria. Fetiche não é sexo explícito,” explica Heitor.

Neste ano, Werneck reafirmou pelo segundo ano consecutivo mais um compromisso com a cidade que o acolheu e lhe abriu tantas portas. Assumiu o cargo de Diretor Artístico da Parada LGBTI de São Paulo (um dos maiores e mais importantes eventos da capital, que atualmente contabiliza milhões de reais com turistas de diversos estados e países) e da Feira Cultural, realizada no Vale do Anhangabaú.

Há mais de vinte anos, Werneck desenvolve uma vasta pesquisa sobre o Cabaret e o burlesco. É caracterizador de nomes como as top drags, Dimmy Kier, Paulete Pink e Normanda Bastos. Para 2019, o produtor continua assinando toda direção artística da Feira e da Parada LGBTI. “Quero abrir mais espaços e oportunidades para artistas que não conseguem se apresentar em casas fechadas. É uma forma de valorizar centenas de artistas LGBT que, por diversas razões, não têm o devido espaço e reconhecimento de mídia e público”, conclui o produtor.

A reviravolta de Werneck
Para 2019 o estilista, produtor cultural e fetichista pretende lançar seu primeiro livro sobre o tema. O Fetiche sob a ótica de Werneck. O livro contará toda a trajetória do produtor desde a primeira edição do projeto Luxúria, mostrando sob o ponto de vista do estilista e produtor como as pessoas encaram o fetiche. São fotos exclusivas e guardadas que ganharão a narrativa e a ótica do estilista que impulsionou o tema no Brasil. O projeto gráfico e produção do livro já estão em fases de produção e o lançamento deve acontecer até a próxima Parada LGBT de São Paulo, onde por mais um ano, ele assinará como diretor artístico.

Fotos: Divulgação