Todos os dias após a aula, no turno da manhã, Yasmin via uma aluna esperando sua aula começar, no turno da tarde. Ela sempre quis se aproximar e puxar conversa, mas era reticente com a ideia.
Neste ano, com o início das aulas, Yasmin descobriu que aquela menina passou a estudar de manhã também. Certo dia, tomou coragem e foi conversar com ela. Ao se aproximar, percebeu que a jovem não se sentiu muito à vontade, mas fez de tudo para mudar isso.“Comecei a conversar com a Helena e ela foi aos poucos se soltando. Então perguntei se ela tinha amigos e ela disse que não, pois todos se afastavam, inclusive as pessoas da sala dela e ela se sentia muito só“, escreveu Yasmin Massone em um post no Facebook.
Helena tem 16 anos, mora em São Paulo (SP) e tem síndrome de Down.
Amizade
Ao ouvir o relato de Helena, Yasmin conta que seu coração “apertou forte” e ela disse que agora Helena teria uma amiga.
“Ela não ficou muito convencida. Disse que era super diferente de mim porque tinha Down e começou a falar coisas ‘boas’ como da minha unha, do meu cabelo, da minha roupa etc. Eu disse que isso não era verdade, que ela era igual a mim, aliás, que ela era uma pessoa mega especial“, conta Yasmin.
“Comecei então a falar das qualidades dela, falei de Deus, falei o quanto as pessoas são egoístas e o quanto pensam somente em si próprias. Mostrei a realidade do mundo mas também falei sobre o amor de Deus e o quanto eu gostaria de ter ela por perto!”, continuou.
Desabafo
Elas passaram um bom tempo conversando. Helena ficou tão feliz em poder desabafar, conversar e ser ouvida que chorou muito. “Óbvio que chorei junto”, disse Yasmin. “[Ganhei] um abraço como ninguém nunca me deu”, diz, após o papo.
No dia seguinte, Yasmin ficou com Helena no intervalo. E aquele momento gostoso de diálogo e fraternidade se repetiu.
“[Conversamos] bastante, dei toda atenção e carinho que eu tinha para oferecer e ela se sentiu incrível”, relata. “Mas nem sempre tudo fica bem, essas crianças precisam de um cuidado especial pois uma hora ela está super bem, te abraçando, mas outra ela está falando que não quer conversar mais e sai correndo, então você tem que deixar ela ter o momento dela e ter muita paciência”, completa.
Uma apoiando a outra
Na última sexta (7), Helena espontaneamente foi até Yasmin para conversar. “Ela me contou como se sentia só e não aceita pela sociedade. Esse foi o motivo do choro no dia anterior, eu como sou mole chorei e abracei ela. Eu não estava em um dia bom, várias coisas haviam acontecido e eu só precisava de um abração”, diz Yasmin.
Naquele dia, elas ficaram ali quietinhas, abraçadas, apoiando uma a outra. “Foi o melhor abraço que eu ganhei na minha vida […] Essas crianças tem um amor e um carinho tão grande. É uma inocência muito grande”.
O sonho de Helena é ser modelo e ficar famosa na internet – e Yasmin acredita muito nela!
“[Temos] muito a aprender com eles, de verdade. O amor é uma linguagem universal e eles a falam e entendem com propriedade”, afirma Yasmin. “Respeito, compreensão, tolerância, igualdade, inclusão são o mínimo […] Sou grata por ter a Helena na minha vida! […]”, concluiu.
As informações são do Razões para Acreditar.