Pelo menos 40 mil brasileiros um dia desprezaram
os primeiros
sintomas de esclerose múltipla (EM), doença que acomete o sistema nervoso central (cérebro e medula
espinhal). No mundo, esse número salta
para cerca de 2,5 milhões de pacientes que começaram sua jornada
apresentando uma fadiga intensa ou
a perda de força,
formigamento, alteração do equilíbrio e da coordenação motora,
alterações visuais, disfunção intestinal e da bexiga. Sintomas que
sozinhos podem indicar diversas doenças.
“O que diferencia a esclerose múltipla é a forma de
evolução desses sintomas”, explica o neurologista de Catanduva, Antônio Stefano B. Nascimben. A doença geralmente surge sob a forma de surtos – sintomas neurológicos que duram ao menos um dia. A progressão, a gravidade e a especificidade dos sintomas são
imprevisíveis e variam de uma pessoa para outra, o que faz com que ela seja pouco conhecida e, por diversas vezes, confundida. Alguns indivíduos são
minimamente afetados, enquanto outros sofrem rápida progressão até a incapacidade total.
Ainda cercada de dúvidas – não se sabe exatamente
quais suas causas -, a EM é uma doença autoimune, ou seja, o próprio
sistema imunológico da pessoa ataca o sistema nervoso central, que
interfere na comunicação do cérebro com todo o corpo. A doença atinge uma
maioria de pacientes jovens, principalmente mulheres entre 20 e 40
anos, o que resulta em um impacto pessoal, social e econômico considerável por ser uma fase extremamente ativa.
“A primeira coisa a ser
feita em caso de ‘suspeita’ de EM é buscar esclarecer o diagnóstico. Deve-se então procurar um médico neurologista, que é o
profissional mais adequado para investigar e tratar os pacientes acometidos.
Existe uma série de doenças inflamatórias e
infecciosas que podem ter sintomas semelhantes ao da esclerose. O
diagnóstico é feito pelos sinais e sintomas, associados a exames de
ressonância magnética de crânio, coluna cervical e torácica, liquor e
exames laboratoriais. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico e iniciar o tratamento, melhores
serão os resultados na tentativa de retardar a doença”, explica Nascimben.
O diagnóstico precoce é o maior aliado do paciente.
Quando tratada, a evolução da EM pode ser controlada. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS)
disponibiliza diversos tratamentos para as fases da condição.
As
terapias buscam reduzir a atividade inflamatória e os surtos ao longo
dos anos contribuindo para a redução do acúmulo de incapacidade
durante a vida do paciente. Além do foco na doença, tratar os sintomas – como os urinários e a fadiga
– é muito importante para manter a qualidade de vida do paciente.
“O trabalho de conscientizar as pessoas sobre a esclerose múltipla é um trabalho de formiga. Às vezes as pessoas falam da doença como se fosse terminal, quando, na verdade, é o início de
uma nova vida. Com muita dificuldade, o nosso dever é esclarecer as
dúvidas da população”, finaliza
Nascimben.