POR JULIANA MORAES
FOTOS: SÉRGIO BAIA
Na edição deste sábado, acompanhe a entrevista exclusiva com o ator de O Sétimo Guardião, Eduardo Speroni para a revista Mais Mais Mais! No bate-papo, ele fala sobre o início da carreira como ator, sua participação da série ‘Sob Pressão’, estudos, desafios, vida pessoal e planos para o futuro.
Por que decidiu entrar para a vida artística? O que te motivou? Nunca gostei de mesmice. Meus pais sempre trabalharam em empresa e aquela rotina empresarial de ir todo dia pro mesmo lugar, no mesmo horário, nunca me interessou. Queria algo que lidasse sempre com o diferente. Uma grande amiga minha de escola era atriz e sempre me incentivou a entrar no curso do Tablado. Então, me matriculei, e em menos de um ano de aulas, eu já percebi que seria esse o meu caminho.
E como começou na carreira artística? Comecei entrando num curso se teatro. Fiz por quase sete anos o curso de interpretação do Teatro Tablado. Depois, me formei em Cinema pela PUC-Rio. Ao longo desses 10 anos de profissão, atuei no teatro, cinema e televisão.
O que você achou mais desafiador no início da carreira? Para mim, o mais desafiador no início era manter a concentração. Eu era um adolescente muito agitado e disperso. Mas com o tempo, fui aprendendo a controlar minhas energias e colocar minha atenção em prol do personagem.
Você está vivendo um personagem que tem uma família que não se dá muito bem com o pai, interpretado por Marcelo Serrado. Qual a importância, para você, de uma história como essa estar sendo retratada na novela? No caso do Bebeto, o pai não permite que ele dance, diz que isso não é coisa para homem. Portanto, com muito teor crítico, estamos mostrando que devemos acabar com esse estigma. Infelizmente, o preconceito ainda está na criação do jovem brasileiro. Nas escolas, muitos jovens continuam sendo vítimas de homofobia. Dentro de suas casas, o patriarcado dominador e a figura machista do pai ainda estão muito presentes. Isso tem que mudar. O jovem precisa ter sua liberdade individual garantida.
Conte um pouco sobre Bebeto, seu personagem na novela das 21h. Em quais pontos você se identifica e se opõe a ele? O Bebeto é um jovem que sonha em ser um dançarino profissional de streetdance. Mas seu pai, Nicolau (Marcelo Serrado), não permite que o filho dance, diz que isso não é coisa para homem. O pai sempre sonhou em ter um filho craque de futebol, capaz de sustentar a família toda. Mas Bebeto não quer saber de jogar bola, só quer saber de dançar. Sua mãe, Afrodite (Carolina Dieckmann), o protege e por trás dos panos tenta ajudar o filho a realizar seu sonho. Também tive que lutar para me impor e conseguir o respeito dos outros quanto a minha profissão. O que me ajudou a entender e me identificar com os dilemas desse jovem. Além disso, já tive a idade do Bebeto, já vivi essa “pré-maioridade”. Sei que é uma fase de muitos sonhos, desejos e, também, de muita pressão. É o momento de traçar caminhos – vestibular, profissão, futuro, etc. Os pensamentos e o corpo vibram, pois os hormônios estão à flor da pele. Ter passado por essa fase me traz uma memória afetiva que me ajuda a compor.
Fora da TV, você também curte dançar? Sim. A dança é uma grande forma de expressão artística. O corpo é capaz de provocar estímulos no espectador que a palavra muitas vezes não consegue. Eu sempre usei muito do corpo como instrumento de criação, principalmente no teatro.
Você também fez participação na série “Sob Pressão”. Como é fazer parte de algo que representa a vida de tantos brasileiros? Muito gratificante. Tocamos em temas polêmicos que, na minha opinião, devem ser criticados e levados a debate. Sinto que somos capazes de transformar culturalmente a sociedade.
Tem algum papel específico na TV ou no cinema que você gostaria muito de fazer? Tenho muitos (risos).
O que a arte significa para você? Arte pra mim é diversidade. Um artista tem que ser curioso, precisa de referências, e nunca pode parar de aprender. Cada projeto é uma história diferente, lidamos com o novo o tempo inteiro. A arte é um território fértil onde se permite muita experimentação, capaz de aflorar o instinto criativo das pessoas.
Como é, na sua opinião, viver de arte no Brasil? Muito difícil, porque sabemos que os incentivos estatais e privados são restritos – principalmente, pra quem faz um trabalho de pesquisa. Infelizmente, no nosso país, não se investe no que não trará retorno financeiro. Então, erroneamente acabamos incluindo as expressões artísticas dentro dessa lógica do que é vendável ou não.
Quem é a sua maior referência no mundo artístico? Dar um único nome é difícil, mas posso afirmar que o cinema europeu sempre foi minha maior referência.
Quais são seus planos para o futuro dentro e fora da TV? Profissionalmente, desejo uma extensa caminhada como artista, na qual eu possa realizar muitos trabalhos de importância na nossa formação cultural. Para a minha vida pessoal, desejo uma vida leve e alegre, ao lado da minha família e amigos.
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