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DOSSIÊ

Dois barbeiros do Reino Unido cortam o cabelo de crianças e jovens autistas onde eles se sentem mais seguros e confortáveis.

“Atendemos algumas crianças autistas. Você leva o seu tempo. Acho que, se você está relaxado, eles geralmente não têm problema”, diz o barbeiro Donncha O’Connell.

Um dos seus clientes, o adolescente Evan O’Dwyer, 16 anos, tem seus ‘lugares seguros‘, como explica a mãe, Deirdre. O banco de trás do carro é um deles. Ali, Evan se sente confortável para comer e até se vestir.

Barbeiros cortam cabelo de autistas onde eles quiserem segurança
Foto: Facebook/Evan O’Dwyer

Certo dia, Deirdre levou o filho na barbearia de O’Connell. Ele se recusou a cortar o cabelo e saiu dali correndo para o carro.

O barbeiro o seguiu, levando todas as suas ferramentas para fazer o corte. A índole afável, paciente e amorosa de O’Connell deixou uma boa impressão em Evan, que permitiu o corte de cabelo.

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Desde então, Evan só aceita cortar o cabelo com O’Connell – sempre no banco de trás do carro.

“Nunca cortei o cabelo de ninguém na parte de trás do carro, não é fácil! Mas significa muito para Evan, por isso faço o que tenho que fazer”, diz o barbeiro. “Evan pode decidir onde e quando ele quer arrumar o cabelo, eu vou onde ele está.”

Já o barbeiro James Williams, dono de um salão no País de Gales (Reino Unido), conta que atende crianças autistas há vários anos, acumulando diversas – e interessantes – histórias a cada novo corte.

“Tentar captar e entender as emoções de cada criança”, diz. James já fez corte deitado no chão, sentado em uma mesa, no peitoril da janela e como, O’Connell, dentro de um carro.

O pequeno Seb, 5 anos, é cliente de James há alguns meses. No início, eles tiveram um pouco de dificuldades para se entenderem.

“Para começar, ele ficava andando pelo salão, seguindo os barbeiros. Agora ele fica mais calmo, sentado em uma cadeira com seu iPad e, na maioria das vezes, permite que James faça seu trabalho”, explica sua mãe Claire. “Embora Seb ainda ‘resmungue’, James brinca com ele e tenta distraí-lo enquanto corta o cabelo.”

O barbeiro galês quer criar um guia online para salões e barbearias sobre como lidar com crianças e jovens autistas, para que eles possam se sentir bem-vindos nesses locais.

“Alguns cabeleireiros [ainda] se recusam a cortar o cabelo de crianças autistas. […] Estou tentando transmitir a mensagem de que eles não devem ser recusados”, conclui.