Nem toda doença que atinge a
próstata é câncer. Em época de campanha de prevenção ao tumor maligno — que apresenta maior incidência entre os homens (35% dos
casos de câncer masculino são na próstata) e o 2° em mortalidade –, é bom que se esclareça as diferenças entre as doenças que
afetam o órgão masculino.
O urologista Dr. Sandro Faria, um
dos três médicos que mais atuam com cirurgia robótica no País,
aproveita o Novembro Azul para explicar que há ainda outros dois
problemas que afetam a próstata e são facilmente confundidos com câncer
pelas pessoas leigas. Até mesmo o exame de sangue que diagnostica
anormalidades nesta região do corpo é o mesmo, que é o PSA (Antígeno
Prostático Específico).
“O exame de sangue PSA é específico da próstata, o que pode gerar dúvida ou angústia no
paciente. As doenças prostáticas alteram as referências de valor neste teste, o que não quer dizer que o resultado é câncer”,
argumenta Faria.
Aumento do volume e desconforto
As outras duas anomalias que mais atingem a próstata além do câncer são a hiperplasia
prostática benigna (HPB) e a prostatite. As três são doenças independentes e podem ser coincidentes.
O câncer na próstata não
apresenta sintoma em sua etapa inicial e intermediária. De acordo com o
médico, geralmente é descoberto durante avaliação para os sintomas
secundários, como a HPB, ou em exames de rotina urológica. “O
câncer passa a ter sintomas na fase avançada, já com metástase, que
ocorre mais comumente nos ossos. Por isso, os pacientes abrem
diagnóstico sintomático com dor óssea. Mas, felizmente, é raro acontecer
isso hoje em dia, pois a maioria tem diagnóstico precoce ou em
fase intermediária”, esclarece o doutor.
A Hiperplasia Prostática Benigna
(HPB) se manifesta lentamente, de forma progressiva e não tem
influência externa. A próstata, que em estado normal tem 25 gramas, pode
atingir até 200 gramas em quem tem a doença devido a
disfunção na ação da testosterona. Normalmente a incidência é a partir
dos 50 anos, sendo mais comum após os 60. Diferente do câncer
de próstata, apresenta sintomas como jato lento, dificuldade para
esvaziar a bexiga, micção noturna, frequência urinária aumentada e
urgência miccional. Entre as causas estão tabagismo, obesidade e
diabetes, além de fatores congênitos.
Outro problema que causa confusão
e temor nos homens é a Prostatite. É uma doença inflamatória
ou infecciosa de surgimento agudo e imediato em adultos, sem faixa
específica. Entre os sintomas estão dor perineal, desconforto
testicular e na ejaculação, dificuldade urinária e até mesmo febre.
Segundo o especialista, os pacientes frequentemente procuram
atendimento em pronto socorro devido aos fortes sinais. “Pode estar
relacionado à DST, coito anal ou à história familiar. Os casos mais
graves estão vinculados à obesidade e à raça negra nos Estados Unidos,
país onde há estudos neste sentido”, salienta Faria.
Causas
Fatores genéticos típicos da raça
negra também são mencionados como causadores do câncer de
próstata em pesquisas apuradas nos Estados Unidos. No entanto, de acordo
com o médico, no Brasil, há poucos dados sobre a incidência
neste aspecto.
Além da história familiar, os casos mais graves da doença também estão associados à obesidade.
Ainda conforme o especialista, gorduras saturadas e exposição a enlatados parecem ser fator de risco.
O diagnóstico do câncer de
próstata utiliza a história clínica do paciente, exames
laboratoriais como PSA e urina, exame de ultrassom e até mesmo
ressonância nuclear magnética da próstata. Quando há suspeita, uma
biopsia também é pedida.
Até quando fazer exames
A melhor idade para começar a realizar os exames preventivos é a partir do 50 anos. Mas se o homem
tiver casos na família, de mama ou de próstata, a avaliação deve começar aos 45 anos. O urologista recomenda fazer os exames
preventivos enquanto o paciente tiver uma expectativa de vida de 10 anos.
O câncer de próstata pode ser tratado de forma curativa com radioterapia ou cirurgia. Existem
modalidades diferentes dos dois métodos e há técnicas novas nos dois modelos.
Segundo o urologista, a prevenção está em manter uma vida saudável — com dieta balanceada
constituída de alimentos nutritivos, naturais e frescos e sementes –, prática de exercícios como rotina e não fumar.
Sequelas
Com a evolução da medicina, as
sequelas que a antiga cirurgia aberta deixava ficaram para trás.
Com exceção da fertilidade, que infelizmente fica comprometida sempre,
questões como perda de função erétil e falta de controle da
micção não passam de mito. “Hoje, se a cirurgia robótica é realizada por
um cirurgião experiente, a vida sexual é preservada. Raros
pacientes operados com robô vão precisar de tratamento cirúrgico
complementar para recuperar o controle da micção”, garante o
especialista.