As brincadeiras interativas perderam espaço para as telas de celulares. Mas por trás do que deveria ser uma inofensiva tela, se escondem perigos que impactam diretamente no desenvolvimento das crianças.
Pesquisas recentes demonstram que o uso de telas digitais pode atrasar o desenvolvimento de determinadas habilidades nas crianças. Um dos estudos realizado na Universidade de Calgary, no Canadá, concluiu que os bebês que passavam mais tempo diante desses aparelhos podem ter mais dificuldade em se comunicar, socializar ou resolver problemas do que os que tinham o uso restrito. Especialistas em várias áreas, como da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), desaconselham o uso desses aparelhos para menores de 2 anos.
Em Dourados a educadora infantil e fonoaudióloga Daniela Bender Morandi, orienta os pais sobre o desenvolvimento da fala das crianças, desde o momento em que saem da maternidade. Para ela, todas as atitudes e também omissões dos pais serão impactadas na formação da criança. Ela explica, inclusive, como os pais podem estimular de forma saudável a fala dos filhos:
Em qual idade normalmente as crianças dizem suas primeiras palavrinhas com significado?
Por volta dos 12 meses as criancinhas nomeiam ou pedem algo. É esperado algo em torno de 5 à 10 palavras.
Como é o processo de desenvolvimento da fala até os 5 anos?
O desenvolvimento da linguagem oral nos pequenos é a parte que eu acho muito bonita, tanto que busco dedicar meus estudos e energia nesta área de atuação. Começa desde que o bebê vem da maternidade. É realmente um processo de enriquecimento verbal por estimulação auditiva, visual, olfativa e cinestésica. O bebê está completamente receptivo à todo e qualquer estímulo e o “botão on” da educação já foi ligado. Com isso, todas as atitudes e também omissões dos pais são refletidas no desenvolvimento da criança.
Qual a importância do processo de balbucio e o papel dos pais nessa fase? Quais as primeiras palavras que a criança pronuncia?
O papel dos pais é fundamental, em todas as fases da formação de uma criança, mas durante o processo de balbucio é ainda maior, pois é eles que dão o suporte emocional/afetivo, a significação dos sons que ela emite, gerando no ser em formação a idéia do retorno, do feed back. É como a criança dizendo: “ah, então quando eu faço PÁ, meu pai fica feliz, sorri e me abraça…. acho que vou fazer isso de novo”.
Como agir quando a criança apenas aponta, mas não fala a palavra?
As ações do adulto sempre vêm acompanhadas de palavras independente da idade do bebê, pois aprendemos pelo exemplo. É imitando nossos pais e cuidadores que desenvolvemos a nossa fala e isso é muito importante. Dar somente o que a criança aponta, sem exigir dela algum som pelo menos, dependendo da idade e do desenvolvimento dela pode ser ruim.
Quais os principais erros cometidos pelos pais e que atrapalham no desenvolvimento da fala dos filhos?
Esse que falamos anteriormente é um deles. Um amor equivocado onde há extremismos no dar/oferecer, por exemplo, gerando pessoas que não precisam fazer exatamente nada, pois “tudo cai do céu”, não precisa fazer som nenhum, só apontar e os adultos já dão o que elas estão querendo e até o que é em demasia. Tudo isso sem discernimento do que a criança está precisando naquele momento, que às vezes é até mesmo um “não”. Pensam em fazer tudo em nome de não fazê-lo “sofrer”, não fazê-lo chorar. Esta atitude adulta, de não permitir aos filhos o contato com as frustrações, inerentes ao ser humano, eu vejo como uma das atitudes mais perniciosas que existem hoje em dia, tanto para o desenvolvimento da linguagem quanto para o desenvolvimento da personalidade do indivíduo.
As informações são do Acesse 86.