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Se tem uma área que não para de se reciclar e lançar novidades é o segmento das dietas. Isso é uma boa notícia, partindo do princípio de que a obesidade é uma epidemia mundial. Mas mais do que um corpo esbelto, as dietas alimentares têm o objetivo de restabelecer a saúde dos que sofrem com excesso de peso. Por isso é importante cautela para conseguir filtrar todos os modismos que vêm e vão nas capas de revista.

O mais recente é o método Pronokal, que fez Luciano da dupla Zezé di Camargo e Luciano perder 37 quilos e a apresentadora Xuxa mandar 7 embora para desfilar “sequinha” no Carnaval. Mas será que esse tipo de dieta funciona mesmo ou é mais uma promessa passageira de “milagre para emagrecer”?

Maria Fernanda Barca, doutora em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), esclarece que somente um profissional de saúde está apto para indicar este tipo de dieta, que, como todo plano alimentar altamente restritivo, tem seus prós e contras.

Em seu consultório, localizado na capital paulista, ela trabalha com o método DietKal, mais adequado à sua filosofia profissional. Aqui, a especialista amplia a discussão sobre as chamadas VLCDs – Very Low Calorie Diets (em tradução livre, Dietas de Baixíssima Caloria). Confira.

O que são as VLCDs (Dietas de Baixíssima Caloria)?

São dietas que giram em torno de 700 calorias diárias. “A DietKal é basicamente uma dieta mais rica em proteína, com pouco carboidrato e baixa caloria”, afirma a doutora.

Como funciona?

Barca explica que a DietKal é um plano alimentar dividido em seis fases. É baseada em sachês que, misturados à água, viram refeições.

Os sabores são diversificados, entre eles: omelete, hambúrguer, pizza e bolinho de frango para o jantar, por exemplo; ou capuccino e pães doces ou salgados para o café da manhã. “Os sabores da DietKal são mais adequados ao paladar brasileiro, tem vários temperos. Você mistura o componente do sachê na água, que vai para o forno ou para a frigideira, ou somente com água gelada, e está pronto para a alimentação”, explica.

As primeiras três fases são as mais restritas, mas permitem a inclusão de alguns alimentos além dos sachês – legumes e verduras. Gradativamente, vão sendo liberadas proteínas animais e, por fim, frutas.

Por que emagrece?

Porque a ingestão de calorias é tão baixa que a pessoa entra em cetose, quando o corpo tem que recorrer às reservas de gordura para cumprir suas funções metabólicas. “No começo, o corpo se estressa, mas depois ele entra em uma baixa de cortisol, o hormônio do estresse, que atrapalha o emagrecimento. Depois disso, o corpo se equilibra”.

Em quais casos são indicadas? E para quem é contraindicado?

A DietKal não é recomendada para pessoas com problemas renais, cardiopatas ou pessoas que já tiveram câncer.

Em seu consultório, Barca receita este plano alimentar como opção para pacientes com muita resistência a perder peso. “Indico para aqueles que já tentaram de tudo e não conseguiram emagrecer, para quem tomou remédio e teve efeitos colaterais negativos ou como uma alternativa à cirurgia bariátrica”.

Quais são as principais dificuldades?

Os três primeiros dias são os mais difíceis. Até o corpo se acostumar com os sachês a pessoa pode sentir fome e dor de cabeça. Para quem gosta de atividade física, também é preciso cautela: não é recomendado fazer muito esforço, pois o corpo não aguenta.

E os resultados?

De acordo com a especialista, o paciente chega a perder 80% dos quilos que pretende mandar embora na fase ativa (1, 2 e 3), que é a mais focada em sachês. “Por exemplo, se ele precisa perder 30 kg, vai perder em média 24 kg nessa primeira etapa.”

Quanto à duração da dieta, depende da necessidade, podendo variar de 15 dias a um mês na primeira prescrição. Depois disso, vai depender de quantos quilos mais a pessoa precisa perder. “Pode demorar de dois a quatro meses na fase 1, por exemplo, ou na 2, que é um pouco menos agressiva. Vai de acordo com o que a pessoa aguenta.”

Em que momento a pessoa volta à rotina normal?

“A partir da fase 4, quando começa a reeducação alimentar: entram os alimentos integrais, azeites, manteigas, iogurte…Aos poucos os sachês vão saindo. Na fase 6, a pessoa fica somente com dois sachês e aí é só manutenção”, esclarece Barca.

Recomendações gerais

A especialista reforça que, por ser uma dieta altamente restritiva, precisa de um acompanhamento médico para uma análise geral do paciente: confirmar se ele precisa mesmo de um plano alimentar deste tipo ou pode tentar outras alternativas, como anti-compulsivos ou mesmo uma simples readequação alimentar.

Barca acredita que a DietKal é uma alternativa interessante para quem já testou várias dietas sem sucesso. “Na Europa estão fazendo metanálises com dietas de baixa caloria e de jejum intermitente e estão tendo resultados brilhantes, inclusive na manutenção do peso”, diz, reforçando mais uma vez que o tratamento deve ser acompanhado por meio de exames e uma criteriosa suplementação vitamínica.

Foto: Reprodução