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A chamada Tensão Pré-menstrual, conhecida pela sigla TPM, se enquadra nos distúrbios pré-menstruais, que são de dois tipos: a Síndrome Pré-Menstrual (SPM) e o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM). Essas condições chegam a atingir até 12% das mulheres e abrangem sintomas psicológicos e físicos que podem causar comprometimento significativo das atividades cotidianas durante a fase lútea do ciclo menstrual. A fase lútea começa após a ovulação e termina com o início da menstruação, corresponde à terceira e quarta semana do ciclo menstrual, ou seja, de sete dias a quatorze dias após a ovulação. Os sintomas são auto-limitados, pois se resolvem após a menstruação.

“Não se pode considerar a TPM uma como frescura, pois as mulheres que apresentam esses distúrbios possuem maiores taxas de ausência no trabalho, maiores despesas médicas e menor qualidade de vida relacionada à saúde. Os médicos estão atentos para diagnosticá-los e acompanhá-los”, explica Magda Almeida, médica de família e comunidade, diretora da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC).

Na SPM, a mulher experimenta pelo menos um sintoma afetivo e um sintoma somático que deve causar disfunção no desempenho social, acadêmico ou no trabalho. Os sintomas afetivos são concentrados nas alterações de humor: explosões de raiva, ansiedade, confusão, astenia, irritabilidade e retraimento social. Os sintomas somáticos são: distensão abdominal, sensibilidade ou edema mamário, dor de cabeça, dores articulares ou muscular, edema de extremidades e ganho de peso.

Já no TDPM os sintomas se assemelham, mas possuem maior intensidade. “A mulher pode ter problemas para executar seu trabalho ou na sua interação com a família e os amigos na semana anterior à menstruação. Ela pode se sentir com dificuldade de concentração, com letargia, fadiga, falta de energia, alteração destacada no apetite (comer em excesso ou fissura em alimentos específicos), ter hipersonia ou insônia e apresentar a sensação de estar sobrecarregada ou sentimentos subjetivos de descontrole emocional”, relata Mylkleany Martins de Castro, integrante da Liga de Saúde da Família (LISF) da Universidade Federal do Ceará.

Mylkleany reforça que é necessário primeiro avaliar o quadro de sintomas e a partir daí tomar a decisão conjunta ao paciente de utilizar medicação. Cerca de 80% das mulheres relatam pelo menos um sintoma físico ou psicológico durante a fase lútea do ciclo menstrual. No entanto, a maioria não relata prejuízo significativo em sua vida diária. As mulheres que ganharam peso ou tiveram um evento estressante são mais propensas a desenvolverem sintomas. Apenas 10% das mulheres declaram que os sintomas são inconvenientes a ponto de exigir a necessidade de auxílio profissional.

A cronologia dos sintomas é muito importante para o diagnóstico correto dos distúrbios pré-menstruais. A relação com o ciclo menstrual é essencial para afastar outras doenças como como depressão ou ansiedade, que podem piorar durante a fase lútea, mas acabam persistindo por todo o do ciclo menstrual. Também é necessário afastar outros diagnósticos, como endometriose, hipotireoidismo, anemia, que têm sintomas parecidos.

A persistência e a gravidade dos sintomas não são contínuos pelo resto da vida. Um estudo mostrou que apenas 36% das mulheres que foram diagnosticadas com SPM continuaram a atender aos critérios diagnósticos um ano depois. A prevalência do TDPM é ainda mais baixa, de 1,3% a 5,3%. O foco do tratamento dos distúrbios pré-menstruais é o alívio dos sintomas. A utilização de medicamentos é feita principalmente em duas vias: aqueles que abordam a supressão da ovulação, enquanto outros irão atuar na concentração de neurotransmissores no cérebro.

Cólica menstrual X endometriose
A apresentação clínica da endometriose é altamente variável, vai desde uma dor pélvica debilitante e infertilidade até a ausência de sintomas. Nesse ponto, a cólica menstrual pode sugerir problemas como a endometriose, mas esta também pode existir mesmo na ausência das cólicas menstruais. Muitas mulheres com endometriose apresentam sintomas inespecíficos, como dor lombar crônica, ou dor abdominal, o que leva a necessidade em média de 11,7 anos para que ela seja diagnosticada em mulheres com sintomas.

Os sintomas tendem a ser mais fortes pré-menstruais, diminuindo após a cessação da menstruação. A dor pélvica é o sintoma mais comum, além de dispaurenia, dor na defecação e dor na micção. Em um estudo britânico sobre mulheres com dor pélvica, muitos pacientes que eventualmente foram diagnosticadas com endometriose foram diagnosticados anteriormente com síndrome do intestino irritável.

Cuidados com a alimentação e no estilo de vida podem ajudar a minimizar o impacto dos sintomas como a redução do consumo de sal e cafeína; evitar cigarros e reduzir o consumo de bebidas alcóolicas. No caso de apresentar dores, a mulher pode por curto período fazer uso de analgésicos ou anti-inflamatórios não esteroides prescritos pela sua médica ou médico. Na dúvida, sempre procure seu médico ou médica de família e comunidade.