O procedimento prepara o corpo da mulher para uma gestação mais saudável
O Brasil é o segundo país onde a cirurgia bariátrica é mais realizada. Ela tem sido uma opção cada vez mais frequente para o combate a obesidade.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) foram realizados 105.642 mil cirurgias no ano de 2017 no país: 5,6% a mais do que em 2016, quando 100 mil pessoas fizeram o procedimento. De 2012 até 2017, o crescimento foi de mais de 46%.
Cerca de 70% delas aconteceram em mulheres, público que mais procura a cirurgia. No entanto, muitas delas se questionam se a intervenção pode afetar uma gravidez futura. De acordo com o cirurgião especialista Thales Delmondes Galvão, não há muito o que se preocupar – aliás, o médico garante que após a realização do procedimento a fertilidade da mulher tende a aumentar e caso ela opte por engravidar, terá uma gestação mais tranquila.
“A bariátrica traz melhorias para a fertilidade e a condição de saúde da mulher. O período de gestação é visto como seguro e com menos riscos de complicações do que o de pacientes obesas, pois uma vez que a gravidez ocorre durante a obesidade poderia causar diabetes gestacional, doença hipertensiva específica da gravidez, parto prematuro entre outras enfermidades que podem prejudicar a mãe e o bebê”, comenta.
Especialista em reprodução humana, a médica Wendy Delmondes Galvão explica que o sobrepeso altera os índices de estrogênio, hormônio fundamental para manter o ciclo de ovulação das mulheres. “E o que também percebemos, com as pacientes que passam pelo procedimento, é uma melhora na situação da saúde como um todo, os índices começam a cair e ela passa a ter mais consciência, inclusive, sobre o próprio corpo e saúde. É uma cadeia que vai se beneficiando e. no final contribui para aumento na possibilidade de engravidar”, comenta.
Outro aspecto relevante, segundo a especialista, é também o benefício que a perda de peso leva para a realização de outros tratamentos, como da fertilização in vitro, por exemplo. “É um dos aspectos positivos, porque até o acesso ao ovário, de onde recolhemos os óvulos para fazer o procedimento, é facilitado. Em geral, o que vemos é que a bariátrica traz benefícios contínuos para as mulheres que querem engravidar”, aponta.
A principal recomendação é para que a mulher que passou pelo procedimento evite engravidar nos primeiros meses por conta da grande perda de peso, que acontece muito rapidamente. Segundo pesquisadores, o tempo de espera ideal é de 12 a 18 meses após a cirurgia bariátrica.
“É importante lembrar que mulheres que realizaram a cirurgia tendem a engravidar mais facilmente. Por isso é recomendado o uso de preservativos e das demais precauções no primeiro ano após a redução de estômago. No entanto, as pacientes que tiverem engravidado antes desse período não devem se preocupar, apenas manter o acompanhamento médico durante toda a gestação, informando ter realizado o procedimento para redução de peso”.
Para as mulheres que pretendem engravidar é importante lembrar que o quadro clínico de uma forma geral é melhorado com a perda de peso, levando à uma gravidez mais segura. Porém, continua sendo de suma importância o acompanhamento com nutricionista, com o próprio cirurgião bariátrico e é claro, o obstetra.
“Nesse acompanhamento é importante que a paciente faça exames a cada trimestre para verificar se há alguma carência de nutrientes”, finaliza o médico.