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Edição Mais Mais Mais

Atriz fala sobre a importância de retratar personagens LGBTs.

Fotos: Alex Santana (@alexsantana)


A arte sempre fez parte de Carol, mesmo que por um momento ela tenha se imaginado na odontologia, como revela para a Mais Mais Mais neste bate papo exclusivo. A Selma da novela das nove conta como se prepara para entrar em cena, quais as principais diferenças entre atuar nas telinhas e no teatro, como ingressou na carreira artística e como foi viver Janis Joplin em um musical.  

O que te motivou a entrar na área artística? Desde criança sempre me identifiquei com arte. Queria estar em todas as apresentações do colégio, fosse de dança ou de teatro – e queria estar na frente, ou com o personagem principal! (risos). Também desde pequena queria estar perto das pessoas que, ao meu olhar de criança, eram interessantes, diferentes, coloridas, alegres e que estavam se expressando artisticamente de alguma forma – se tinha uma roda com violão ou uma folia de Reis, alguém desenhando, dançando ou recitando – era lá que eu queria estar. Então acho que tem a ver com essência mesmo.

Conta um pouquinho pra gente sobre como foi o início. Teve apoio da família? Comecei na música. Com uma banda, gravei disco, fiz shows. E sim, minha família sempre me apoiou. Quando decidi me profissionalizar, viver e trabalhar como atriz e cantora, me mudar para o Rio de Janeiro é claro, isso gerou uma preocupação, mas sempre recebi apoio e amor.

Já pensou em seguir outra carreira? Se sim, qual? Estudei Odontologia que era a profissão do meu pai, porém sempre com a arte em paralelo (estudando e realizando). Sempre com o desejo verdadeiro de conseguir trilhar meu caminho profissional como artista. Eu não sabia como nem como as coisas seriam possíveis, mas sabia do meu desejo, meu amor e determinação. Eu admirava muito meu pai e a profissão dele, o caminho que ele construiu, a educação e condição de vida que ele e minha mãe deram pra mim e minha irmã. Acho que a mesma garra que ele teve de criar o caminho profissional singular dele eu tive para criar o meu. Sou grata por toda minha trajetória.Hoje, quais são os principais desafios para viver da arte no Brasil? Acredito que manter a constância de trabalhos. Por isso é muito importante se produzir também e criar boas alianças profissionais.

O que mais te inspira na profissão? Tanta coisa! Estar sempre em processo de formação me inspira muito. O ator está sempre nesse processo de formação, nunca está completamente pronto, sempre em busca e aprendendo. Isso se mistura com a vida, com maturidade, com autoconhecimento. É lindo!

E qual o seu trabalho dos sonhos? Eu fiz Janis Joplin que é uma artista de referência pra mim. Estou paquerando um filme maravilhoso que eu assisti outro dia e que tem uma personagem que me interessou muito, quero adaptar para o teatro, mas tá muito na ideia ainda então só dá pra falar isso por enquanto. Bom, tirando Janis que já comentei não tenho “A Personagem” dos meus sonhos, quero bons e múltiplos personagens – novos desafios, novos amores.

Dentre os personagens que você já fez, existe algum mais marcante ou desafiador para você? Me parece que o maior desafio é aquele que se está vivendo naquele momento porque é no processo que se aprende e, após o trabalho realizado agregamos mais alguns elementos na nossa bagagem profissional e de vida. Agora estou imersa em Selma, em seu mundo e nas descobertas que chegam a cada novo bloco de roteiro que recebo. Nos conte sobre sua experiência no musical ‘Janis’. Você recebeu muitos elogios da crítica, né? Uau! Falar sobre a minha experiência no musical Janis é falar de uma grande e feliz história de amor! Eu comecei a cantar inspirada em Janis Joplin, então esse projeto é muito especial pra mim. É um projeto que se mistura com a minha trajetória de vida, que foi muito importante no desenvolvimento da minha carreira e, ter conseguido realizá-lo com toda a equipe que foi, texto, direção, me deixou plenamente feliz e satisfeita. Recebemos muitas indicações à prêmios, críticas emocionantes, viscerais, verdadeiras e emocionadas. O projeto, e eu mesma, recebemos muito carinho, ganhei o prêmio Cesgranrio de melhor atriz em musical no ano passado com a temporada que fizemos no Rio de Janeiro. Desde a primeira ideia até colocar essa peça teatral em cena foram alguns anos então é muito gratificante todo esse retorno, e ver o olhar do público quando aplaudem e quando vem falar comigo com os olhos brilhando.

Quais são as principais diferenças entre atuar no teatro e na tv? Você tem um favorito entre os dois? Pra mim a principal diferença entre os trabalhos realizados em Tv e no Teatro é a relação deles com o tempo. No teatro você ensaia bastante, meses, aí você estreia e fica mais alguns meses em cartaz fazendo aquele mesmo texto, mesmas marcas, a mesma peça e, por mais que caibam acabamentos e que a peça aconteça a cada noite de maneira viva, a montagem está pronta! Na televisão a história vai sendo conhecida aos poucos, recebemos o roteiro semanalmente – todo dia é uma “estreia” com texto diferente! A velocidade desse processo de televisão é muito maior, entre o momento que você recebe o material e que você produz o resultado. Não consigo escolher um só (risos), eu amo quando estou em cena no teatro e amo quando estou no set gravando uma novela, ou fazendo cinema. Se eu tô ali, vivendo aquela experiencia, aqueles personagens, contando aquela história, eu tô feliz.

Você tem alguma mania ou ritual específico antes de entrar em cena? Sempre que eu piso em um tablado eu peço as bênçãos. É isso que eu faço nos meus trabalhos em teatro e na televisão também. Sempre que eu entro no estúdio pela primeira vez naquele dia de trabalho, eu peço as bênçãos, de forma muito simples: olho, respiro, agradeço e peço as bênçãos para aquele dia.

Falando um pouquinho sobre ‘Segundo Sol’. Como está sendo interpretar a Selma? Você se identifica com a personagem? Selma é um presente pra uma atriz. Além de todos os caminhos que ela me permite explorar no campo da atuação, ela também traz importante diálogo sobre amor, tolerância e liberdade. Sim, me identifico com algumas características da personagem: sua coragem, determinação e sua forma de ver a vida por um olhar otimista. Eu admiro isso nela. Como você avalia a importância de personagens LGBT’s nas produções diante desse momento em que vivemos, onde tanto se fala sobre diversidade e direitos da comunidade? Às vezes eu tô passando em algum lugar e as pessoas falam “Oi Selma”, elas vêm falar comigo e agradecem, muitas trazem relatos de que a história que está sendo mostrada na novela abriu espaço pra diálogo na vida delas e que isso fez uma grande diferença construtiva. Como disse, a Selma é um presente pra mim, ela traz esse importante diálogo sobre amor, tolerância, liberdade e representatividade!

E sobre seus planos para o futuro, tem algum que possa nos contar? Dos próximos trabalhos que eu posso contar, é que irei voltar com a peça “Janis” em cartaz logo que a novela terminar.

PING PONG

  • Nome completo: Ana Carolina Resende Jarnallo

  • Idade: 42

  • Signo: Leão

  • Uma qualidade: Intuição

  • Um defeito: Pensar demais

  • Sua atividade favorita é: Atuar e cantar

  • Seu ator favorito é: Sterling K. Brown

  • Sua atriz favorita é: Mandy Moore

  • Uma cor: Amarelo

  • Um animal: Gato

  • Quem você gostaria de ser se não fosse você? Mick Jagger

  • E onde viveria? On the road

  • Que dom gostaria de ter? Tocar algum instrumento musical muito bem  

  • Qual seu sonho de consumo ainda não realizado? Apartamento em Ipanema

  • O que mais te irrita? Engarrafamento  

  • Uma lembrança de infância: Andar a cavalo

  • Quem ou o que é o amor da sua vida? Mãe e irmã

  • Defina-se em uma palavra: Solar