Aconteceu em São Paulo o Salão Duas Rodas e tive a oportunidade de acompanhar bem de perto toda a movimentação em torno desse universo que prá mim estava tão distante. Um mundo sobre duas rodas, um mundo cheio de particularidades e histórias. Descobri um novo olhar para quem escolhe viver a vida em cima das motocicletas, seja em uma scotter, Honda Bis ou as mais potentes motocicletas que mais parecem naves tiradas dos filmes de ficção.
Mas o uma coisa me chamou muito atenção. As mulheres que participam desse salão, mulheres que ficam expostas tanto quanto as motos, aliás, para cada moto uma mulher e mesmo em estandes onde não havia moto sendo vendida ou mostrada, as mulheres estavam lá, sendo a inspiração para que cada visitante fosse seduzido através delas a entrar e conhecer o produto e quem sabe até comprar.
E quando falo de exposição, penso nos critérios adotados para selecionar essas beldades que desfilavam por uma passarela muito cansativa e desafiadora, pois lidar com horas ali em pé usando roupas que realçavam as curvas e muitas de um mau gosto que doía na alma quando eu avistava, não deve ser nada fácil. Ficava observando cada sorriso, cada jogada de cabelo, cada esforço para ser sensual sem ser vulgar usando aquele figurino, fiquei imaginado-as fora dali, o que fazem? Como vivem? Onde mora? Quais são seus sonhos? Estudam? Sim porque muitas são tão meninas, e com certeza estão ali para garantir até o sustento da família.
Quando estavam em horário de descanso as encontrava pelos banheiros, ou corredores, sentadas no chão sem nenhum suporte de quem as contratou, jogadas e desmontadas pareciam bonecas de pano pintadas e largadas sem nenhum glamour, esquecidas nas prateleiras.
No Salão também encontrei outro tipo de mulheres, as que pertencem aos Clubes de Moto, as que se empoderaram de sua liberdade seja na garupa ou pilotando suas naves. Elas estavam por toda partem e entendiam bem do assunto. Conversei com três mulheres de clubes diferentes com mais de 50 anos e as três tinham em comum a descoberta da liberdade de poder se aventurar, a felicidade de sentir o vento e ver o mundo desnudo pela viseira de seus capacetes estilosos.
Não era um salão de beleza, mas As Mais Influentes belezas estavam ali abrilhantando um Salão onde as verdadeiras estrelas, as motocicletas e tudo o que gira em torno desse universo não brilharia sem essas Mulheres.
Fotos: Arquivo Pessoal