O leite materno é a melhor fonte de nutrição para bebês e a forma de proteção mais eficiente para diminuir as taxas de mortalidade infantil. Para incentivar mulheres a amamentar até os dois anos ou mais e, de forma exclusiva, nos seis primeiros meses da criança, comemora-se neste mês o Agosto Dourado, dedicado a ressaltar a importância do aleitamento materno.
De acordo com Sol Meneghini, nutricionista e personal trainer, o organismo da mãe passa por uma série de adaptações durante o período de amamentação. Por isso, a demanda por alguns nutrientes aumenta.
“Para manter uma produção de leite adequada, é importante manter uma alimentação balanceada. É importante que as mulheres que estão amamentando tenham uma dieta saudável e equilibrada, que se adeque ao contexto e às possibilidades de cada família”, afirma.
O organismo gasta cerca de 500 calorias a mais por dia. Assim, a amamentação exige mais refeições e nutrientes no corpo da mãe, em especial carboidratos e proteínas. “Quanto mais natural for o cardápio como um todo, melhor. No geral, as recomendações são as mesmas de uma alimentação saudável para todos”, destaca. Ela lista quais alimentos são indicados para a dieta das lactantes.
“Tente incluir alimentos frescos, como frutas e verduras, grãos integrais, leguminosas e fontes de proteína, como ovos, frango e peixes. Dietas vegetarianas ou veganas não são contraindicadas, mas é recomendado que se dê uma atenção especial à alimentação nesses casos. Estudos apontam que, em casos de dietas mais restritivas, pode ser necessário ingerir suplementos de alguns nutrientes, como cálcio, vitamina D e vitamina B12”, descreve a nutricionista.
Por outro lado, uma má alimentação pode afetar a saúde da mãe, e, consequentemente, a do bebê, ao longo da amamentação.
“Evitar alimentos industrializados e ultraprocessados já é um ótimo começo. Bebidas alcoólicas, opções com muita fritura e excesso de açúcar também é um caminho possível. Alimentos com sabor muito intenso, como alho ou aspargos, assim como os alimentos que contêm cafeína, como o chocolate, o café ou o chá preto, também podem ser evitados. Além disso, o consumo de chás deve ser feito com cuidado, já que várias plantas podem provocar efeitos colaterais na mãe e no bebê”, cita a profissional.
Além de uma alimentação saudável, é fundamental que a mulher beba bastante água para manter o organismo hidratado e garantir a produção de leite adequada.
“Uma dica é ter sempre uma garrafa de água por perto, principalmente quando estiver amamentando, e observar os sinais do seu corpo. Se a boca estiver seca ou a urina estiver com uma cor mais escura, deve-se caprichar mais na ingestão de líquidos”, acrescenta.
Para que a fase da amamentação seja confortável e segura para mãe e bebê, alguns cuidados são fundamentais no que diz respeito aos seios da lactante, é o que explica o ginecologista e obstetra César Patez “Durante a gestação, os seios se modificam para o momento da amamentação, ficando maiores, mais doloridos e pesados. A aréola fica mais escura e sensível e as veias dos seios, mais aparentes”, descreve o médico.
O especialista elenca outros desses cuidados:
Lavar seios somente com água
Segundo Patez, deve-se evitar o uso de sabonetes e cremes na região, dando preferência a uma higienização com água. “Os mamilos têm uma hidratação que deve ser mantida na gravidez. Assim, produtos como sabonetes podem causar rachaduras e feridas, o que dificulta ou até impossibilita a amamentação em alguns casos”, pontua.
Tomar sol no mamilo
Pegar sol no mamilo é uma poderosa arma contra fissuras. “O ideal é se expor ao sol por 10 minutos, todos os dias”, ensina.
Usar casca de fruta sobre os seios
Existem algumas crenças populares relacionadas aos seios durante a amamentação. Uma delas é a de que a casca de banana ou de mamão, quando colocadas nos mamilos, teriam efeito cicatrizante. O ginecologista e obstetra destaca que a estratégia traz resultados. “Funciona como um bom tratamento natural, aliado a outros tipos de cuidados”, observa.
Fazer massagem
Massagear os seios também é uma prática benéfica. Ela evita o empedramento do leite e facilita a sucção do líquido pelo bebê. “As massagens podem ser feitas diariamente, uma ou duas vezes. De preferência, em forma de ordenha, ou seja, da periferia para os mamilos”, aconselha.
Usar produtos específicos
“Em relação aos produtos, é muito importante ter uma boa cadeira de amamentação juntamente com uma almofada confortável, além de um sutiã apropriado e que sustente bem as mamas. Para tornar o dia a dia mais prático, também há absorventes para os seios em forma de adesivo, e lanolina, que na verdade é uma cera natural, que pode auxiliar na prevenção e melhora de lesões nos mamilos”, acrescenta o especialista.
Visitar um especialista
O obstetra tem papel fundamental como orientador na fase da amamentação. “O profissional, além de acompanhar cada caso de forma personalizada, também irá tratar fissuras e mastites sem interromper a lactação, estimular as mães a amamentação em livre demanda, ensinar quando é necessário ordenhar e como armazenar o leite, entre outros tipos de auxílio”, finaliza.