A atriz paulista Beatriz Campos, nascida em Botucatu, interior de São Paulo, em 1980, veio para o Rio de Janeiro estudar Artes Cênicas, em 1999. Formada pela CAL (Casa das Artes de Laranjeiras). Cursou Moda na Faculdade de Belas Artes de São Paulo (FEBASP) e Educação Artística com Habilitação em Artes Cênicas na USC (Universidade Sagrado Coração) de Bauru.
Participou de mais de 15 peças teatrais, sendo a mais recente “DOLORES”, em cartaz na Casa de Cultura Laura Alvim, no janeiro do ano passado. No cinema participou como cantora no filme “Flores Raras”, de Bruno Barreto, onde interpretava a canção Sábado, em Copacabana.
Foi apresentadora de um programa de vendas pela TV (+ TV) no interior paulista e está no ar em sua terceira novela da Rede Globo, “Éramos Seis”. Sua personagem, Leontina é uma mulher esnobe e metida a rica que vem causando desconforto no casal Olga e Zeca.
Além de todos os papéis que cumpre na vida, um do que mais se orgulha, é o de mãe. Ela cria os filhos Otávio e Benício, sozinha.
Confira a entrevista que fizemos com a atriz.
Por Marcelo Bragança
Em Éramos Seis, você interpreta Leotina, uma mulher esnobe e que atrapalha a vida do casal Olga e Zeca, vividos por Maria Eduarda de Carvalho e Eduardo Sterblitch. Você se inspirou em alguém para viver o personagem? (risos)
Eu, como atriz, trabalho sempre com
inspirações. Estou sempre observando as pessoas para aumentar o meu repertório.
Não me inspiro em uma pessoa só. Faço uma mistura e dela sai a personagem.
Claro que sempre tem alguém que nos dá uma maior referência. Nestes casos,
melhor guardar segredo…(risos).
Quando se trata de uma novela de época, acredita que o desafio é maior? Ou que, independente do tempo onde a trama é retratada, a intensidade é a mesma?
Independente do tempo em que se passa a trama, a verdade do ator tem que existir. A intensidade é a mesma, sempre!
Uma obra de época é bem delicada porque tudo é mais contido, mais formal: a linguagem, os gestos, as expressões, a postura… A atenção tem que ser redobrada. Ė delicioso poder vivenciar um tempo distante do atual. Eu particularmente amo novela de época e estou muito feliz em fazer parte de Éramos Seis.
Você já participou de 15 peças teatrais! Estar frente às câmeras é totalmente diferente da atuação nos palcos. Qual é a experiência que lhe emociona mais como a atriz?
Nossa… É bem diferente! Quando entrei
no estúdio pra fazer minha primeira novela eu não entendia nada…risos. Paguei
alguns micos inclusive. Nos palcos eu me entendo, acho meu lugar e a resposta
do público é imediata. Na TV a parte técnica me deixava tensa. Era muita coisa
para pensar e no começo eu não conseguia pensar na interpretação. E a resposta
do publico chega muito tempo depois. Olha… confesso que cheguei a achar que
TV não era pra mim! Mas sobrevivi…(risos). Hoje eu AMO! E teatro sempre foi minha
paixão. Não dá para viver sem!
Beatriz, conte-nos como foi a sua experiência em frente a um programa de
vendas. As pessoas podem não fazer ideia de que apresentar varejo e
afins dá um trabalho danado e, assim como uma atriz, precisa, muitas vezes,
decorar as informações que precisam ser passadas pelo telespectador. Como era
este processo?
Quando eu recebi o convite, primeiro eu aceitei, para depois pensar. Achei um desafio tão bom… risos. Depois pensei comigo mesma: você é doida! Eu não sabia nada de nada: nem de câmeras, nem de vendas, nem de apresentar programas. Mas a equipe era tão maravilhosa que eu me joguei sem medo. Aprendi muita coisa, mas em relação às vendas, eu entendi que para se vender algo, você tem que acreditar no produto que está apresentado, senão ninguém compra. Além do mais eu não tinha que representar outra pessoa, eu podia ser eu mesma e isso era diferente para mim, por incrível que pareça…risos. Quando eu percebi estava completamente apaixonada por essa experiência. Faria tudo de novo, e de novo e de novo.
Você tem 2 filhos. O Otávio, de 13 anos e o
Benício, de 4. És uma mãe daquelas “casca dura”, ou
mais maleável?
Então… eu sempre me achei bem durona. Até porque eu crio meus filhos sozinha.
Então, às vezes, fica difícil saber se estou fazendo o que é melhor para a
educação deles, ou se estou fazendo o que eu acho melhor como mãe. Mas, risos, as
pessoas que convivem um pouco conosco me acham bem mole…risos. Eu até tento
ser durona, mas eu não resisto quando fazem aquelas caras de arrependidos. E
crianças são espertas demais! Sabem exatamente os pontos fracos dos pais e
abusam disso. Ultimamente tenho tentado dizer mais “nãos” e dar mais limites em
tudo, mas sempre através de muito diálogo. Acho que é a melhor arma para
qualquer que seja a situação.
Na descrição do seu perfil de uma rede social, você disse que adora vinhos e viagens. Qual é o destino que você considera inesquecível? E sobre vinhos… tem algum rótulo que considera perfeito para uma ocasião especial?
Faz muito tempo que eu não consigo viajar, mas se eu pudesse, faria muitas e muitas viagens. Adoro conhecer a arquitetura, a comida e a cultura dos povos e lugares. E um lugar que eu me encantei e voltaria pra lá quantas vezes me fosse possível é a Riviera Maya, no México. Tulum, Chichén Itzá e Xel-Ha são inesquecíveis. Quanto aos vinhos, eu gosto de quase todas as uvas, menos Malbec… Fora esse eu aprecio todas as uvas. Tenho tomado mais Argentinos ou Chilenos. Tem um argentino que provei recentemente, inclusive tem um preço bem acessível, e que gostei muito que é um bivarietal de syrah com bonarda chamado Callia Alta. Tem muito vinho bom e com bons preços. Só ter uma boa taça e o prazer de degustar!
7) Além de ser do interior de São Paulo e ter se formado em
Educação Artista, estudado moda na capital paulista e ser formada pela CAL
(Rio), você já morou no México! Trabalhou como cantora e em uma empresa em
Mérida, no estado de Yucatan. O que a Beatriz de hoje, com 40 anos,
diria para a sua versão adolescente?
A Beatriz adolescente tinha muita coragem e determinação. Até um pouquinho de
ousadia…risos. Ela sempre soube o que queria e sempre correu atrás. Muitas
vezes agia por impulso ou levada pela emoção. A versão atual já é um pouco
menos impulsiva e mais racional. Mas se não fosse essa adolescente, a Beatriz
de hoje não existiria. Sou muito grata pelo caminho de evolução e aprendizado
que o Universo me ofereceu. Aprendi muito comigo mesma, com meus erros, minhas
frustrações, meus fracassos, mas principalmente com minha garra e força
de vontade para avançar sempre, frente a qualquer obstáculo, para realizar meus
sonhos. E olha… ainda tenho muitos sonhos!
8) Quais são os seus planos para 2020?
Meus planos são sempre os mesmos: trabalhar mais e viajar com meus filhos, mas nem sempre consigo cumprir com o planejado. Em 2020 espero estrear minha peça A Ponte e a Água de Piscina e voltar com Dolores. Ambas estão em fase de captação ainda, mas estamos trabalhando com muito afinco para conseguirmos os aportes necessários. Espero também receber convites pra TV e cinema. Tenho grande vontade de fazer cinema. E entre uma coisa e outra quero poder curtir algo diferente com meus filhos. De resto deixo a vida me surpreender, risos!