Para a primavera-verão 2020/21, as bolas regressam poderosas e em todas as cores e versões.
Poás, é a palavra em português usada para definir a estampa de bolas.
Pois, ou Grand e Petit Pois, são os nomes originais em francês (sendo que petit pois significa pequenas bolinhas e grand as bolotonas).
Polka Dots é a definição da estampa em inglês e lunares em espanhol.
Os poás vêm de longa data e foram disseminados na moda nos anos 1950 de uma forma divertida e feminina.
Marilyn Monroe adorava este desenho em suas roupas coladas ao corpo.
Desde esta época as bolas vão e voltam como uma estampa vitoriosa e atemporal, recorrente no cenário da moda.
As polka dots, como estão sendo chamadas nesta nova investida, literalmente pintaram forte nos desfiles mais influentes no último mês de setembro nas semanas de moda do hemisfério Norte: de Gucci à Dior, os designers se entregaram as bolinhas.
Algumas modestas, outras gigantes.
Em Paris, Demna Gvasalia da grife Balmain e ex-Vetements, abraçou o volume da impressão de maneira extrema.
Marc Jacobs diversificou as padronagens com poás simples: preto no branco e branco no preto.
A estilista Carolina Herrera é frequentemente associada a bolinhas, já que muitos de seus projetos no final dos anos 1980 e início dos anos 1990 estavam cobertos de bolinhas. Sua última coleção de verão se cobriu da estampa.
Viciados em bolinhas
A
história das “polka dots” remonta ao ano de 1886, quando Georges Seurat
e Paul Signac, influenciados pela fervorosa corrente impressionista,
começaram a desenvolver uma técnica que viria a ser conhecida pelo nome
de pontilhismo.
Com um desprezo pela linha, e através de um número infinito de pinceladas de pontos coloridos, criavam imagens cheias de força e expressão e, sobretudo, celebrava-se a força do círculo.
O termo “Polka Dot” surgiu na moda com a mania da Polca que varreu a Europa em meados do século XIX. Os movimentos circulares dessa dança animada inspiraram a criação da estampa.
Hoje, as bolinhas são consideradas um padrão alegre, mas
nem sempre foram consideradas tão nostálgicas e divertidas.
Durante o período medieval na Europa, o uso de tecido pontilhado foi considerado tabu.
O padrão foi inicialmente visto como representando doenças e impurezas.
A tecnologia para criar bolinhas uniformemente espaçadas ainda não existia. Sem a ajuda dessas máquinas, o único tecido pontilhado produzido apresentava pontos desigualmente espaçados.
Esses pontos semi-aleatórios lembravam erupções cutâneas causadas por várias doenças extremamente contagiosas, como a varíola, peste bubônica e hanseníase.
Essas doenças eram tão desenfreadas na época, que os europeus medievais não podiam deixar de associar a esses males fatais.
O Vale das Bolinhas
As bolinhas só começaram a se valorizar muitos anos depois, quando a popularidade da dança da polca sofreu um ressurgimento na década de 1940 e, com o retorno da dança, veio a paixão pelo padrão pontilhado.
O primeiro hit de Frank Sinatra, a balada de 1940 “Polka Dots and Moonbeams” captura a tendência de bolinhas da época.
Na mesma época, o Los Angeles Times aconselhou leitores elegantes a investir na tendência da moda de bolinhas para a primavera de 1940.
As roupas de bolinhas chegaram às passarelas de alta costura de Paris, quando Christian Dior estreou sua linha “New Look” na década de 1940, que exibia tecidos pontilhados.
Nos anos 1950 a estampa foi consagrada nos looks das pin-ups com um apelo erótico e divertido, personificado pela atriz Marylin Monroe.
A tendência das bolinhas ganhou força em 1960, com o lançamento da música de sucesso de Brian Hyland, “Itsy Bitsy Tennie Weenie / Biquíni de Bolinhas Amarelinhas”.
A música conta a história de uma jovem curvilínea de biquíni pontilhado, que se esconde na água em vez de revelar seu corpo em seu maiô “teenie”.
Logo, toda mulher queria ser vista em bolinhas.
Bolinhas Pop
Em 1961, a Disney estreou uma nova roupa de bolinhas para Minnie Mouse.
No ano seguinte, a DC Comics estreou um novo vilão do Batman chamado Polka Dot Man, com armas a partir das bolinhas que usava com o pressionar de um botão.
As bolinhas continuaram a ter popularidade durante o resto do século XX e virou arte, nas obras da japonesa Yayoi Kusama.
Como usar estampas de bolinha
Haverá uma forma de andar às bolinhas sem parecer um palhaço, uma criança ou uma árvore de Natal? Sim.
A primeira coisa a lembrar é que quanto maior a estampa, maior pode parecer a silhueta. Cuidado com poás grandes – e, se for usar, escolha a parte do corpo que quer chamar atenção.
As estampas mais clássicas são os poás brancos sobre fundo preto, quanto menores, mais clássica a estamparia.
Em segundo lugar, os poás pretos sobre fundo branco.
Porém como o fundo é branco, é uma versão que chama mais atenção, por isso o cuidado de observar o tamanho das bolas.
Os poás com fundo colorido geralmente acompanham as cores da estação, por isso, dependendo da cor do fundo, mais comprometedor o seu retorno para a moda.
Os poás conseguem facilmente se misturar com outras estampas, assim como o listrado. Para fazer o mix, escolha peças com cores similares ou até uma estampa dominante entre elas.
Como boa trend atemporal que é, a estampa de poá nunca sai dos armários e, de tempos em tempos, faz um retorno mais marcante, nas passarelas, no streetstyle e nos looks das trendsetters mundo afora.
Uma peça de poá é eterna e pode vestir em todas as estações.
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