Rogério Barbieri, da Studio B Arquitetos Associados, analisa as necessidades atuais do “projeto dos sonhos”
Sem dúvida, o auge da pandemia da Covid-19 – nos anos 2020 e 2021 – foi um divisor de águas em relação a comportamentos sociais, no modo de solucionar situações até então inusitadas, mas também de valorização do bem-estar no dia a dia. No segmento Arquitetura não foi diferente: o desafio era buscar um novo estilo de morar, que mantivesse conforto e o aconchego familiar.
A reclusão à qual todos ficamos sujeitos trouxe também reflexões e realinhamentos, diante da mudança de tantos hábitos. “Na minha experiência direta com clientes, vivemos um momento em que mudamos a forma de observar nossas casas, passamos a dar mais valor a elas”, analisa o arquiteto Rogério Barbieri, proprietário da Studio B Arquitetos Associados, com sede no Rio de Janeiro e que atende projetos em todo o País.
“Antes da pandemia, muitas pessoas utilizavam suas casas apenas para dormir, saindo cedo para o trabalho, voltando à noite e saindo para viagens de lazer ou espaços de encontro no fim de semana. Durante o período de confinamento fomos obrigados a olhar para nossas casas e viver nelas a maior parte de tudo que fazíamos fora, como trabalhar, estudar, malhar e até mesmo buscar meios para nos divertir. A partir disso começou uma mudança significativa e um trabalho intenso com a busca por reformas e adequações”, explica Barbieri.
Segundo o arquiteto, pessoas em apartamentos pequenos buscavam espaços maiores; aqueles que habitavam apartamentos maiores buscavam casas e assim por diante. “Como essa adequação precisava ser rápida – ou quase imediata para muitos – vivemos um período de muito reestudo de espaços. Em geral os mais solicitados para nós foram o escritório, que foi a adaptação mais urgente, pois as pessoas precisavam continuar trabalhando home office, e na grande maioria das casas os escritórios já eram ocupados para outros usos”.
Rogério Barbieri cita na sequência a transformação e urgência para espaços de lazer, com reformas, tanto com adequações como a construção de projeto completo de lazer. “Foi também um período de muitos projetos de casas de campo; nunca antes tivemos no escritório uma demanda tão volumosa para casas de veraneio. As pessoas queriam construir seus próprios refúgios”, relembra.
Apesar de considerar que o segmento Arquitetura não estava pronto para a então “nova realidade”, o profissional viu uma resposta rápida às demandas. “Ninguém estava preparado para uma pandemia ou um confinamento em nível internacional; quem tinha mais conhecimento sobre sistemas construtivos mais rápidos – como steel frame, por exemplo, ou pré-moldados de estrutura metálica – estava um passo à frente!”, constata Barbieri, que emenda: “A meu ver, a resposta foi rápida e eficiente. Os bons profissionais trabalham sempre buscando soluções para criação de espaços que atendam as necessidades de seus clientes. Assim, basicamente a pandemia foi um gerador de novas exigências, e de certa forma revolucionário para nosso estilo de morar”.
Hoje, passada a experiência traumática do confinamento, conceitos novos ou adaptados, valorização de espaços até então desprezados, áreas multifuncionais e acolhedoras compõem o roteiro para o “projeto dos sonhos” das famílias. Na Studio B Arquitetos Associados, esses sonhos vão se tornando realidade no atual estilo de morar.
“Uma das solicitações mais frequentes dos clientes é esta: ‘quero muitas tomadas!’ O pedido tem vindo antes mesmo da solicitação dos espaços; claro que entendemos, pois vivemos as mesmas necessidades, num mundo cada vez mais conectado e com novas tecnologias, seja para usar o celular enquanto se está no sofá, para uso da Alexa, pontos para cortinas elétricas etc. Precisamos estar muito atentos a isso”, conclui Barbieri.