Cada fase da vida pede uma casa, e a da velhice precisa ser um lar amistoso. “A organização e o design têm de ajudar a minimizar o impacto das perdas físicas típicas da velhice”, afirma a psicóloga Angelita Scardua, doutora em psicologia social pela Universidade de São Paulo (USP) e uma das criadoras do Projeto Hestia, iniciativa que investiga o jeito de morar do brasileiro.
Para conquistar esse lar para uma vida longeva, é preciso adaptá-la à medida que os anos passam. “Não é para, aos 30, ficar preocupado em preparar a casa para quando tiver 80 anos. Mas é importante que, com 30 ou 40 anos, você tenha consciência de que seu endereço precisará de certas adaptações”, diz Angelina.
Como sentir-se autônomo é fundamental para um envelhecimento saudável, nada melhor de que ir você mesmo tomando decisões para garantir esse bem-estar no futuro. Conheça a seguir, segundo Angelita, alguns pontos que vão precisar de sua atenção.
Iluminação
A visão é um dos sentidos a sentir os efeitos do passar dos anos. Por isso, cuidar da iluminação da sua casa é fundamental. O foco é um espaço bem iluminado – que evidencie detalhes como quinas de móveis –, mas sem apelar para lâmpadas brilhantes. O brilho excessivo incomoda a visão. No mobiliário, o uso de cores contrastantes também ajuda na percepção das peças.
Proteção acústica
A chegada da idade, muitas vezes, vem com perda auditiva, e a superestimulação – como no caso de uma rua barulhenta – pode levar ao estresse. Por isso, vale investir em revestimento acústico, como vidros e cortinas, para tornar o ambiente mais agradável para o idoso.
Iluminação natural
Outra mudança física causada pelo envelhecimento é o aumento da sensibilidade ao frio. Ter uma casa que recebe uma boa iluminação solar tornará o ambiente mais agradável.
Segurança interna
Condição fundamental para o idoso ter uma vida autônoma é se sentir seguro dentro de casa. Item queridinho da decoração em geral, o tapete merece atenção. Tire de cena os do tipo deslizantes. No mercado, hoje, há até opções com pedaços de metal dentro que fazem que com que a peça fique aderida ao chão. A instalação de barras de segurança perto do vaso sanitário e dentro do boxe do banheiro é outro recurso útil. Pisos antiderrapantes também são importantes.
Disposição de móveis e objetos
Procure ter um bom espaço de circulação entre os móveis que compõem sua casa. Uma casa não entulhada, na verdade, é boa em qualquer idade. Mas não precisa jogar fora todos os itens queridos. É natural se apegar a objetos que fazem parte de sua história. Em vez de deixá-los espalhados por todos os lados, faça uma curadoria dos mais significativos e mantenha-os em um local em que possa contemplá-los, sem riscos.
Cozinha funcional
O paladar e o olfato também são sentidos que perdem potência à medida que os anos chegam. Por isso é comum que o idoso acabe optando por alimentos de sabor fácil, como os super-adocicados. Nesse cenário, ter uma cozinha funcional pode ser um estímulo para cozinhar. E o que isso significa? Móveis adaptados para a altura da pessoa e com os utensílios a mão. A orientação de um arquiteto pode ajudar muito nesse aspecto.
Renove sempre que possível
Cultive o gosto por renovar sua casa para espantar a melancolia. Não precisa nada muito drástico, mas pequenas mudanças, como pintar uma parede ou trocar o revestimento do sofá, podem trazer um bem-estar imenso.
“É importante criar condições para que, na velhice, possamos lidar com os desafios do dia a dia, como fazer as tarefas de uma casa. Um envelhecimento saudável passa por ter sempre um propósito na vida. E cuidar da própria casa pode ser um”, finaliza Angelita.