Muitos só lembram dela nas épocas mais frias do ano, quando a pele tende a ficar mais ressecada, mas a hidratação é essencial para manter a saúde do tecido cutâneo em equilíbrio – assim como a fotoproteção. “Mas para que um hidratante funcione bem em seu rosto, o primeiro passo é saber qual é o seu tipo de pele. Existem três mecanismos de ação básicos de cosméticos com funções hidratantes e conhecê-los também é necessário para evitar problemas”, afirma a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
De acordo com a médica, as principais substâncias hidratantes encontradas em cosméticos são: Ceramida; Esqualeno; Olesterol; PCA; ADN; NMF; Lactato de Amônia; Ureia; Alfa-hidroxiácido (ácido glicólico e ácido láctico); Oligoelementos; Fosfolipídeos; e Ácido hialurônico. A médica explica abaixo, tim-tim por tim-tim, o que você precisa saber sobre hidratação da pele:
MECANISMOS – “A função básica de um hidratante é evitar a perda de água transepidermal, o que deixaria nossa pele ressecada e mais suscetível aos danos ambientais”, diz a Dra. Paola. Segundo a médica, na escolha do hidratante é importante conhecer os diferentes mecanismos de ação deles:
Hidratação por oclusão: “Os ativos presentes no cosmético são capazes de promover uma redução da evaporação da água no estrato córneo, uma camada mais externa da pele, composta por células achatadas e mortas, que funcionam como uma barreira protetora”, explica. Por conta dos óleos presentes na formulação, essa hidratação é capaz de manter a umidade das camadas mais profundas e retardar a evaporação da água. “Assim a desidratação da pele é impedida. Os produtos que utilizam esse mecanismo formam uma barreira protetora, à base de lipídios, pois água e óleo não se misturam. Então, a água fica instalada entre a pele e a camada lipídica, não conseguindo evaporar”, explica a médica. Os cosméticos em cremes e com óleos vegetais na composição promovem uma hidratação por oclusão.
Hidratação por umectação: Na hidratação por umectação, as substâncias do produto retêm a umidade do ar e assim podem utilizá-la para a hidratação da pele, promovendo então a emulsão natural da pele. “As substâncias mais encontradas são os gliceróis e o D-pantenol. Ele é muito importante, pois em sua cadeia há muitos radicais de prolina e hidroxiprolina, que por formarem uma estrutura macromolecular, não são absorvidos pela pele, ou seja, ela continua hidratando o tecido epitelial”, explica. Além disso, esse processo pode ocorrer de dois modos, atuando em níveis diferentes, na superfície da pele ou por meio de mecanismos intracelulares.
Hidratação ativa: As emulsões misturam os dois mecanismos anteriores. Esse processo possui uma fase lipídica, responsável por promover a oclusão, e uma fase aquosa com ingredientes hidroscópicos, capazes de proporcionar a hidratação. Na composição desses cosméticos, são encontrados aminoácidos, ureia e ácido hialurônico, que são considerados hidratantes biológicos. As peles que mais se beneficiam desse tipo de ação são as normais e secas.
APLICAÇÃO – Na hora de aplicar o hidratante, ele deve ser espalhado com movimentos circulares, firmes e constantes, mas sem força exagerada, diz a médica. “Ele deve ser aplicado sobre a pele limpa, já que a absorção é ainda maior, pois o sabonete retira as sujidades e os lipídios cutâneos, abrindo ainda mais canais para a penetração do hidratante”, explica a Dra. Paola.
OUTRAS FORMAS DE HIDRATAÇÃO DA PELE – A maioria dos nutricosméticos possui em sua fórmula componentes como vitamina E, colágeno marinho, licopeno e betacaroteno, que podem ajudar tanto na hidratação como no fortalecimento da barreira da pele. A hidratação interna com ingestão de água adequada e alimentação natural e saudável hidrata de dentro para fora, conta a dermatologista.
COMO ESCOLHER O PRODUTO IDEAL – Dependendo do tipo de pele, alguns produtos são recomendados e outros completamente contraindicados. A dermatologista sugere: para as peles mistas e oleosas, hidratantes em veículos mais leves, como gel-creme ou sérum; para peles secas, as consistências cremosas são mais indicadas, com creme, bálsamos e óleos.
MITOS – Um dos maiores mitos sobre a hidratação da pele é que a pele oleosa não precisa ser hidratada, ou até mesmo que não pode ser hidratada, pelo receio de que o hábito cause espinhas e cravos. “Oleosidade é diferente de hidratação: enquanto o primeiro se refere ao excesso de sebo, o segundo trata da quantidade de água na pele. Além disso, diferentes tratamentos para acne e pele oleosa ressecam muito a pele, havendo ainda mais a necessidade de hidratá-la para que não haja produção rebote de oleosidade”, finaliza.