A endometriose é considerada um problema comum, pois atualmente atinge cerca de 175 milhões de mulheres em todo o mundo. Somente no Brasil já foram registrados mais de 8 milhões de casos. Trata-se de uma condição em que o endométrio, tecido que reveste o interior do útero e é expelido durante a menstruação, expande-se para outras partes do corpo que não sejam seu lugar de origem, como atrás do útero, ovários, intestino, reto, bexiga e peritônio, membrana que reveste a pélvis. Caracterizada principalmente por fortes dores no período menstrual, a endometriose precisa ser identificada e tratada para que não desencadeie outros problemas, como a infertilidade.
Além das fortes cólicas em período menstrual, outros sintomas da endometriose são sangramentos anormais – fluxo intenso e irregular – cólicas no meio do ciclo menstrual e dores durante ou após uma relação sexual. Por se tratar de um processo inflamatório que pode atingir as tubas uterinas e ovários, 50% das mulheres que possuem a doença apresentam infertilidade, que só é descoberta quando a mulher tenta, sem sucesso, engravidar por vias naturais, pois muitas vezes não apresenta os sintomas relatados pela maioria.
O diagnóstico pode ser um pouco demorado, tanto pelo fato de que algumas vezes a condição é assintomática, ou pela falta de investigação do médico quando a paciente se queixa das dores. Entretanto, ele pode ser feito a partir de exames específicos como os de toque pélvico, ultrassonografias, ressonância magnética, ou ainda, por videolaparoscopia, quando há grande suspeita, que além de identificar os pontos de sangramento, pode removê-los e encaminhá-los para análise laboratorial.
Quanto às causas, ainda não se sabe ao certo, mas alguns estudos apontaram para a menstruação retrógrada (quando o sangue da menstruação sofre um refluxo pelas tubas uterinas e as células do endométrio instalam-se na parede pélvica), crescimento de células embrionárias (células embrionárias comuns passam a crescer fora do útero) e sistema imunológico deficiente (não destrói as células endometriais que crescem em lugares inadequados) como os principais fatores de início da endometriose. Alguns fatores de risco também propiciam a condição, tais como: a menstruação precoce, nunca ter tido filhos, ciclos menstruais frequentes, menstruações longas e anormalidades no útero.
De qualquer forma, a endometriose tem tratamento e pode ser feito com ajuda médica, a partir do diagnóstico. Em alguns casos, ele pode ser feito com o uso de anticoncepcionais com estrogênio e progesterona, por exemplo, induzindo a um estado similar à gravidez. Outras vezes, pode-se optar pelo uso de medicamentos que impeçam a produção de estrogênio pelos ovários, estabelecendo uma condição parecida à menopausa. Há ainda os casos em que o tratamento é feito por laparoscopia, como citado anteriormente, ou ainda, em casos graves e extremos, é feita a histerectomia (retirada dos órgãos reprodutivos), mas somente para mulheres que não responderam aos tratamentos anteriores e que já tenham tido filhos. Somente seu médico é capaz de estabelecer o tratamento ideal e o tempo de duração, portanto, ao sinal dos primeiros sintomas, procure orientação profissional.
*Dr. Marcelo Nicaretta Scramin é médico ginecologista do Trasmontano Saúde.