Nesta terça-feira (06/02) foi celebrado o Dia Mundial da Luta contra a Mutilação Genital, que lembra que 3 milhões de meninas morrem todos os anos em decorrência deste tipo de agressão que ainda é tolerada em muitos países ao redor do mundo.
Na Costa do Marfim, cerca de 30 a 40% das mulheres sofrem mutilação genital, ilegal e passível de ser punida por lei, mas que ainda vigora informalmente na sociedade local.
As crianças do sexo feminino, geralmente, são mutiladas desde o nascimento, mas a prática está tão arraigada, que algumas adolescentes decidem passar pela excisão genital para não serem excluída do grupo ou comunidade.
Escritora marfinense realiza trabalho de conscientização
Aminata Traoré realiza um trabalho de sensibilização e conscientização contra a prática nas escolas do país africano.
“Nas escolas secundárias, a menina que não sofreu excisão genital fica fora do grupo, ela é rejeitada por outros…
Em algum momento, ela mesma toma a iniciativa de sofre a mutilação sem o consentimento dos pais. É chocante, mas é uma convenção social na aldeia e a garota pensa que ela deve pertencer a essa sociedade: ela é moralmente obrigada a ser mutilada”, diz Traoré.
Segundo a escritora, os próprios jovens rejeitam aquelas que não sofrem mutilação durante o recreio nos colégios porque acreditam que traga má sorte.
Tradição x Punição
Essa prática remonta ao período pré-colonial, também são reprimidas por lei. Mas, não dá sinais de recuar, embora várias sanções tenham sido implementadas, dentro de uma política de conscientização.
A região de Mandoul, no sul do Chade, é uma das partes do país onde a prática da excisão é generalizada. Todos os anos durante as férias, centenas de meninas são mutiladas, algumas vindas da capital. Segundo o secretário-geral da região, em 2015 foi um ano recorde quando mais de 200 garotas foram extirpadas.
As autoridades lançaram um movimento de forte repressão à excisão genital no país, sem conseguir, no entanto, diminuir este fenômeno que resiste clandestinamente. A partir das dificuldades encontradas, autoridades e associações perceberam que, em vez de repressão, o caminho deve ser o de dialogar e convencer.
Ao redor do mundo
Não apenas nos países citados acima, a prática é utilizada em outros continentes e países. Como por exemplo, Guiné, Indonésia, Iêmen, Iraque, Burkina Faso e Senegal.
Christine Beynis, enfermeira aposentada com experiência na Guiné e na França, entrevistada pela RFI diz que: “Há muito mais mulheres mutiladas na Indonésia do que na África”, explica a ex-enfermeira. As mulheres indonésias são todas excisadas! ”
Fonte: G1
Foto: Reprodução