Por Denise Prado
Domingo resolvi ficar sem fazer nada em casa e vendo televisão, assisti programas que nem sabia que existiam, mas quando resolvi zapear pelos canais de filmes me deparei com o filme “Minha Mãe é uma Peça 2”. A minha primeira reação foi passar para outro canal, pois confesso não sou muito fã do ator Paulo Gustavo, mas já ouvi muitas pessoas falando que esse filme é engraçado e que a inspiração para essa mãe que ele interpreta foi a sua própria genitora. Resolvi me despir de qualquer pré-conceito estabelecido por mim mesma e assistir ao filme, já que estava bem no começo.
Fui surpreendida e mais uma vez constatei que o melhor da vida é sempre você se permitir experimentar, se aventurar e olhar para tudo sem expectativa, apenas ir se deixando levar. Foi o que fiz e sinceramente gostei da forma como ele aborda várias situações que nós mães vivemos diariamente, com os filhos que vão crescendo e ganhando asas, voando e deixando a gente com a Síndrome do Ninho Vazio. Você já ouviu falar?
Damos-nos conta de que por mais modernas que sejamos, por mais amiga e confidente, existem momentos que são só deles, que não fazemos mais parte, ficamos ali ao lado do telefone esperando aquele convite, esperando aquela boa notícia, esperando que o tempo cure a ausência inevitável. No filme Dona Hermínia, a mãe, é possessiva, controladora, amorosa, cuidadosa e coloca os filhos em situações constrangedoras, mas ao mesmo tempo é a mãe que topa os desafios para estar ao lado deles, que apoia o filho gay, que quer ver a filha feliz e realizada, que mesmo com seu jeito muito “extrovertido” mostra o quanto ama a sua família.
O comportamento exibido no filme me levou a refletir sobre como nós mulheres – mães nos colocamos em segundo plano muitas vezes e que isso não é o que os nossos filhos querem. Como no filme, os filhos rompem o cordão umbilical e partem para viver a sua vida e nós devemos seguir em frente, aproveitar para fazer tudo o que não se fez enquanto as crianças eram pequenas, inclusive porque assim não ficamos com aquela sensação de que não há nada mais para fazer. Mesmo quando trabalhamos ou temos atividades externas, a síndrome do ninho vazio insiste quando voltamos para a casa e eles não estão mais lá.E nessa hora o coração aperta, jantar sozinha, encontrar tudo no mesmo lugar que deixamos quando saímos, não ter como reclamar da toalha ou sapatos largados pela casa, não saber se estão comendo, dormindo, se as roupas estão limpas, enfim, nessa hora percebemos que somos desnecessárias e aí vem um conflito interior, perguntas que não querem calar. Será que fiz tudo certo? Será que…? Não existe resposta.
Me pego ali solidária com aquela personagem que ultrapassa as fronteiras para estar com seus filhos, que aceita a mudança estabelecida pelo tempo, que renasce a partir da sua solitude e vai buscar nela força para continuar se fazendo presente sem imposição. Identifiquei-me com Dona Hermínia, quando pega o telefone e liga e nenhum dos filhos podem atende-la pois estão em suas vidas, mas quando querem um apoio, quando querem contar a boa nova é para a mãe que ligam primeiro e isso conforta o coração, afirma que estamos pertinho, que não há espaço geográfico que super o amor.
Outro dia ouvi a seguinte frase: “Mãe e sogra podem morar perto, mas não tão perto que se possa ir de chinelos e pijama e não tão longe que precise chegar de mala.”
Que a cada dia possamos ter acesso a viagens, cultura e muitos amigos para que sejamos As Mais Influentes mães desnecessárias, sem culpa e felizes.