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Por Julia Carrilo 

Seja longa ou breve, toda adoção de um filho é uma jornada e tanto, o momento precisa ser celebrado como um desses momentos ímpares em que a vida se reafirma, venha de onde vier

Muitas pessoas acham que ser mãe ou pai é simplesmente parir o filho, mas não. Ser pai é amar, dar bronca, cuidar, estar presente na maioria dos momentos do filho e ajudar. Sabendo disso, você está disposto a ser pai e não consegue? Que tal adotar uma criança que daria tudo para ser amada e dar amor? Conversamos com a psicopedagoga Raquel Martins que adotou dois filhos, a Brenda e Bruno e contou de onde surgiu essa ideia. “Nunca foi uma ideia que nasceu, desde os quinze anos eu tive esse propósito, na época meu namorado também gostava dessa possibilidade e antes de casarmos conversamos muito e acabou dando certo”, afirmou.

O processo é bem longo da adoção, passam por diversas reuniões, conhecem a criança, várias papeladas, escolhem a idade que procuram. A psicopedagoga contou que a escolha vem do coração e que você sente quando aquela criança é para ser seu filho. “Foi fácil entender que eles nasceram para me trazer alegria, eu adotei um com 5 dias de vida e outra com 24 horas de vida, foi a melhor atitude da minha vida”.

Quando adotam uma criança, é direito dela saber como foi isso. E como os pais contam essa história, pois para alguns é difícil. A Raquel e seu marido sempre foram evangélicos e bem ligados a religião e contavam boas histórias, inclusive antes de dormir oravam pela mulher que Deus usou para abençoar a família. “Um dia, as crianças me perguntaram que mulher era essa que tanto falavam e então, ela contou a história dos dois como se fosse uma história que ouviam”.

ADOÇÃO

Trajetória

O maior beneficio de ter um filho, independente de ser adotado ou não, é quando você pega ele no colo e sente mor e sente carinho. “Isso nos faz pensar que o poder de gerar é pequeno quando se pode transmitir e despertar o amor em um bebê que não conheceu esse gesto de carinho enquanto estava sendo gerado”, contou Raquel.

A relação de aprendizado de ter um filho é para sempre, são fases diferentes que precisam ser cuidadas e conversadas. Quando os filhos ficaram sabendo que eram adotados, eles receberam a notícia e lidam com ela de forma diferente. “A minha filha é super tranqüila quanto ao assunto e nos apresenta muito amor e gratidão, já o meu filho nem tanto. Ele apresenta resistência, mas é ligado ao pai”, relata.

“A adolescência dos dois foi conturbada, mas a minha filha resolveu procurar um apoio psicológico que a ajudou muito, já nosso filho, foi encaminhado por nós, começou e depois achou que não iria ajudá-lo em nada e abandonou”.

Atualmente, a filha é contadora, casada e não perdeu o elo de família, entra em contato todos os dias para dizer o quanto os ama. O filho, mora sozinho e não entra em contato sempre, quase nunca vai a casa dos pais, mas sabe que eles estão por lá. Tem o estilo livre, gosta de acampar e aventuras e ainda não finalizou o curso superior.

O que representa a adoção para você?

Raquel: O assunto é extremamente polemico para muitos, mas para mim, eu começaria tudo outra vez. Amo crianças e me dói ver pessoas que não medem conseqüências e vão colocando filhos ao mundo, pessoas que mesmo sem ter um abrigo ainda se dispõe a gerar em condições muito precárias. Minha filha quando nasceu tinha um grau de DST que foi controlado e sumiu até o terceiro ano de vida. Entendo que a gravidez é um momento delicado na vida de uma mulher, mas conheço mulheres que nem ao médico vão até os sinais de parto. Para nós, foi a melhor coisa que aconteceu na nossa vida e faria tudo novamente.

Quais os maiores benefícios da adoção?

O prazer de ensinar, de ser chamada de mãe, de poder proporcionar bons momentos de lazer comigo, de ter amigos, companheiros e muito mais.