Por Rhayssa Nascimento
O desejo aumenta e a vontade fala mais alto. O lugar, no momento, é esquecido, e ser visto gera medo, mas faz com que todo tesão ganhe força. Até que se torna algo incontrolável, o corpo mostra os sinais e por fim, acontece.
O sexo não tem lugar. Nem sempre o local é comum, ou mesmo aceitável pela sociedade. O que está em jogo é o desejo entre duas ou mais pessoas. Escadaria, balada, praia; a lista depende da imaginação e da vontade mútua. O resultado esperado é a satisfação.
A primeira aventura de Carla Machado (nome fictício), teve a sua iniciativa, e a explicação para isso é clara “simplesmente porque estávamos os dois com vontade”. A idade não permitia lugares privados. Ela e o namorado da época, eram menores de idade. A falta de opção fez de onde estavam o melhor lugar.
“Ah, hormônios adolescentes” recorda-se como um dos impulsionadores para aquele dia de passeio no shopping com os amigos tornar-se diferente. Carla lembra que o assunto surgiu e consequentemente a vontade veio junto. A alternativa do casal foi refugiar-se em um lugar mais “reservado”, e o local escolhido foi o estacionamento do shopping. Antes, uma análise para ver se não havia ninguém, depois, “começamos a brincar um pouco”.
Para Carla, a questão do proibido nunca foi o maior estímulo, mas confessa que ajudou a dar uma apimentada em todas as vezes que o lugar foi considerado mais ousado. Pois depois dessa primeira aventura, outras ocorreram.
Ela lista os locais onde a vontade falou mais alto e o medo “passou rapidinho”. “Além da primeira vez no estacionamento de um shopping, já foram algumas vezes no carro parado em alguma rua deserta (ou nem tanto), em estacionamento de shopping, de parque e de estação de trem. Também na rua – atrás de árvores e caçamba de lixo; na praia, na garagem do prédio e escadarias, num cinema, banheiro de um clube e de uma festa.”
Por todas as vezes, algumas a possibilidade de ser pego foi realidade. Carla lembra que uma, na garagem do seu prédio, quem deu o flagra foi a sua mãe. A saia justa teve como consequência uma bronca. A outra vez, na escadaria do prédio, o porteiro foi quem encontrou ela e o namorado. A bronca não aconteceu, mas Carla não conseguia encara-lo por meses, mas nada para sempre, “depois ficou como se nada tivesse acontecido”.
Carla não tem como principal motivação ao sexo a questão “do proibido”, diferentemente de Luciana (nome fictício), “Eu gosto de tudo que pode ser errado, proibido ou até mesmo julgado pelas outras pessoas. Porque, na minha opinião, isso é natural. E talvez a sensação de possivelmente ser pega acaba estimulando bem mais. “
A sensação de proibido já aconteceu na escadaria do prédio, depois da balada. Atrás de uma planta no quintal de casa, dentro de uma balada (com um show rolando),no banheiro de uma casa onde estava rolando uma festa, na cozinha, área de serviço de casa e no carro, enquanto o meu parceiro dirigia.
Para Luciana, o melhor lugar foi na escadaria. O momento não impedia que ela e o seu parceiro fossem transar em casa, mas o desejo não permitiu. Ali, nos degraus, as posições se encaixaram, segundo ela “as posições na escada são melhores, a sensação de não poder fazer nenhum barulho ou de que algum vizinho pode aparecer aumentou ainda mais o desejo.”
Apesar de toda imaginação, e permissão as vontades, Luciana tem receios com toda ousadia. O receio é de ser vítima de vídeos espalhados sem consentimento- um ato ilícito, mas que causa problemas a muitas mulheres. O julgamento da sua família, caso chegasse a conhecimento, também é algo que a preocupa “Acho que eles não ficariam muito contentes com essa minha postura”.
Mas restringe-se a pessoas específicas e próximas, segundo ela “Mas em relação às outras pessoas, eu não me importo não. Quem não fez, vai fazer e quem faz, não tem mais jeito. Faz e ponto”.