Atriz explica sua trajetória no teatro até chegar à TV
Por Juliana Moraes
Fotos: Sérgio Baia
Por que decidiu entrar para a vida artística? O que te motivou? Sempre me fiz essa pergunta! (risos). Foi mesmo vocação, e descobri muito menina (apesar de ter dado muitas voltas até assumir a carreira). Senti toda vida uma necessidade de me expressar além das palavras, além do discurso cotidiano. E criança, eu queria fazer balé, estudar piano, ser de circo, fazer teatro, pintar, cantar… enfim, queria ser artista!
E como começou na carreira artística? Minha primeira formação foi em arquitetura. Cheguei a trabalhar e fazer projetos na área por 3 anos, mas me sentia muito infeliz! Cheguei a cursar também um ano de cenografia, mas sabia que não era meu caminho. Conheci, por amigos em comum, um diretor de teatro em Niterói (onde morava na época) e insisti muito com ele que se tivesse qualquer coisa no grupo que eu pudesse fazer, estava a postos. Acabei substituindo uma atriz, no susto mesmo, em um dos trabalhos da cia, entrei depois pra escola de teatro e não parei mais.
O que você achou mais desafiador no início da carreira? Como tinha vindo de outra profissão, me senti muito insegura por bastante tempo. Trabalhava o dobro do necessário pra me fortalecer. Não conhecia muita gente no meio também, ganhava pouco, a família achava que eu estava louca, enfim, foi um início animado!!! Mas aprendi muito sobre o ofício, a disciplina e o quão firme a gente precisa estar pra persistir!
Você viveu seu primeiro grande papel na TV como a Nice. Como foi interpretar essa personagem que vivia uma realidade tão grande de muitas mulheres? Me sinto muito sortuda de ter vivido a história da Nice. Ela representa uma dura realidade vivida por muitas de nós. E contar a trajetória de superação e conquistas dela vai me inspirar pra sempre. Não podia ter estreado em melhor companhia!
Onde você buscou inspirações para dar vida a essa personagem? Durante a vida eu conheci muitas “Nices”. Convivi com algumas. O texto da personagem era muito rico, a direção foi muito feliz na condução da história dela e a troca tão rica que aconteceu entre meu núcleo ajudou a fazer nascer essa Nice. Sem Nanda, Roberto e Letícia, não existiria essa Nice!
Você tem mais de 25 anos de carreira no teatro. Como foi a mudança dos palcos para as telas? São linguagens muito diferentes, mas essencialmente muito próximas também. Não imaginava que pudesse gostar tanto de atuar pra tv, mas confesso que estou amando a experiência!
Ao longo de sua carreira, qual foi o personagem mais marcante que você interpretou? Tenho tido a sorte de fazer personagens incríveis e desafiadoras! Uma das que mais me revolucionou foi uma deficiente visual, Carmem, que fiz numa peça chamada Breu. Todo o processo de criação foi feito de olhos fechados, todo, desde o primeiro dia de ensaio, até o último dia de apresentação. Eu atuava literalmente sem enxergar. Nunca vi o cenário da peça. Foi um processo extremamente desafiador e transformador pra mim.
Tem algum papel específico na TV ou no cinema que você gostaria muito de fazer? Muitos!!!
Qual seria o seu trabalho dos sonhos? Eu tenho o trabalho dos meus sonhos!
O que te move como pessoa e artista? O afeto, a beleza, o amor, a dor. E tanto como pessoa quanto artista sinto que o mundo precisa que a gente se comprometa, que doe o nosso melhor, que questione, que provoque, que acolha também.
O que a arte significa para você? Onde somos plenos e nos tornamos possíveis. Nossa essência e transcendência. O que nos salva e nos une. O melhor de nós.
Como é, na sua opinião, viver de arte no Brasil? Uma aventura! Temos os artistas mais extraordinários e desvalorizados do mundo. Desaprendemos que a arte e a cultura são essenciais à nossa existência. Tem todo um discurso de desqualificação do artista no momento que torna tudo ainda mais difícil.
Quem é a sua maior referência no mundo artístico? Tenho muitas – muitas mesmo! – Referências em vários campos da arte. Vou citar aqui duas atrizes que são minha grande inspiração: Fernanda Montenegro e Marieta Severo.
Como é a sua relação com a moda? Há anos deixei de me referenciar no que era moda, porque ela deixou de me vestir, literalmente, desde que ganhei peso. Mesmo antes, sempre fui independente, digamos assim, mas sempre admirei os artistas que fazem moda.
Como você descreve seu estilo? Caótico! (risos)
Qual o maior aprendizado que você leva da sua carreira artística? Juntos somos mais fortes!
Quais são seus planos para o futuro dentro e fora da TV? Se tiver oportunidade, quero fazer muito mais audiovisual, gostei da brincadeira! A peça Tom na Fazenda, da qual faço parte, tem ainda uma extensa agenda no próximo ano. Em março de 2019, vai ter o lançamento de Maria do Caritó, um filme estrelado pela Lília Cabral e dirigido por João Paulo Jabur, que rodei ano passado. E estou com um novo projeto em teatro pro final de 2019.
O que mais te inspira na indústria artística? Poder atuar pra tornar o mundo um lugar melhor, mais amoroso e acolhedor.
Quem é a Kelzy Ecard que o público não conhece? Sou uma pessoa muito simples, gosto de ler, ouvir música, estar com meu filho, meus amigos e minha família. Amo meu trabalho e ser mãe. Tenho 2 gatos. Sou do interior e amo o silêncio.
PING PONG
Nome completo: Kelzy Gomes Ecard
Idade: 53
Signo: gêmeos
Um animal: cavalo
Qual é sua maior qualidade: o bom humor
E seu maior defeito: a teimosia
Sua atividade favorita: atuar e cantar
E como atriz: trabalhar
Se pudesse escolher ser outra pessoa, quem seria: nunca pensei nisso!
Qual a sua maior conquista: viver da minha profissão
Qual é a sua maior paixão: atuar e ser mãe
Qual seu maior sonho: um mundo mais justo
Defina-se em uma palavra: mãe