Uma
das estações mais esperadas do ano chega no dia 22 de dezembro: o
Verão. Com ela aumentam as atividades ao ar livre, as viagens
à praia e o desejo do famoso bronze nessa época do ano. Mas é preciso
ficar atento à exposição ao sol. Segundo o Instituto Nacional de
Câncer (INCA), cerca de 180 mil novos casos do tipo não melanoma
acontecem todos os anos. Esse é o tipo mais comum dos canceres e o menos
letal dentre os de pele.
O mês de dezembro é nomeado
Dezembro
Laranja,
iniciativa criada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia a fim de
conscientizar a população sobre a importância da prevenção e
diagnóstico precoce da doença. O dermatologista especialista em câncer
de pele, Dr. Luiz Guilherme Castro, do Hospital Alemão Oswaldo
Cruz, tirou algumas dúvidas sobre o tema.
A principal forma de prevenção do câncer de pele não
melanoma é evitar a exposição ao sol sem proteção
Mais de 90% dos casos de diagnósticos de câncer de pele não melanoma
são reflexo da exposição aos raios
ultravioletas de forma inadequada. Clinicamente o tumor é mais frequente
em locais que são expostos ao sol de forma crônica como face,
tronco e pernas.
Apenas passar o protetor solar não garante proteção
total
A recomendação do Instituto Nacional de Câncer (INCA) é para evitar a
exposição intensa ao sol no horário das 10h às 16h. Ainda
assim, se a exposição for inevitável, o uso de proteção adequada, como
roupas, bonés ou chapéus de abas largas, óculos escuros com
proteção UV, sombrinhas e guarda-sóis é fundamental.
Apenas a proteção na pele não basta: lembre-se de
proteger os lábios
O cuidado com os lábios no Verão vai muito além da estética. Dr. Luiz
Guilherme explica que além de evitar a geração de fissuras
na pele sensível, que podem levar a contração de bactérias, o uso de
protetor solar labial previne a aparição de rugas precoces e do
câncer. “Por ser tratar de uma área delicada do nosso corpo e que sofre
com grande exposição ao sol, assim como todo o rosto, é
necessário atenção redobrada”, afirma o dermatologista.
O tratamento é, em sua grande maioria, cirúrgico
O tratamento mais usado para
tratar os casos de câncer de pele é a cirurgia. Eventualmente, também é
possível usar outros métodos, como terapia fotodinâmica,
radioterapia ou até quimioterápicos em forma de pomada. A escolha do
melhor método de tratamento é feita por um médico especialista que
levará em conta o tipo da lesão, o subtipo do câncer, o tamanho do
tumor, assim como as particularidades de cada paciente.
Pessoas de pele, cabelos e olhos claros têm mais chances
de desenvolver a doença
Dr. Luiz Guilherme explica
que, por terem menos pigmento na pele, essas pessoas contam com uma
menor proteção conta as radiações UV, e, por consequência, têm
mais risco de desenvolver o câncer.
Além disso, peles claras, que produzem
menos melanina, são mais suscetíveis a queimaduras causadas pelos raios
UVB do sol. Durante dias nublados a pele recebe a radiação UVA,
que embora menos perigosa, é uma grande responsável pelo envelhecimento
da pele. Durante o Verão, essas radiações estão mais presentes
e a exposição ao sol costuma ser maior.
Apesar dos riscos, o sol não precisa ser visto com
vilão absoluto
A vitamina D, que é
produzida durante a exposição da pele ao sol, é essencial para a
prevenção de problemas cardíacos, osteoporose, gripes e resfriados e
até mesmo cânceres, portanto, fugir completamente do sol nem sempre é a
melhor solução. “É importante identificarmos os grupos de
risco antes de recomendações generalistas. Pessoas de pele clara, olhos e
cabelos claros, estão muito mais sujeitas ao aparecimento dos
carcinomas (forma mais comum de câncer de pele), uma vez que apresentam
uma capacidade reduzida na produção de melanina (pigmentação da
pele), logo, terão que tomar mais cuidado com a exposição solar”, conta o
Dr. Luiz Guilherme.
Os tipos de câncer de pele melanoma têm pouca relação
com a exposição solar
Um dos tipos mais graves de câncer de pele, responsável por cerca de 5%
dos casos da doença, os melanomas têm uma relação menos
direta com a exposição solar. Grande parte dos casos de melanoma cutâneo
aparecem em áreas não expostas cronicamente ao sol, como
dedos, couro cabeludo, nádegas, etc. É importante ressaltar ainda que,
muitos casos de melanoma, têm mais relação com mutações
genéticas do que exposição ao sol.
Os principais fatores de risco para o
tumor são: histórico familiar, ter pele e olhos claros, cabelos ruivos
ou loiros, ou ser albino. Ter grande número de pintas (+50)
também aumenta o risco.
Os carcinomas costumam se manifestar como feridas que
não cicatrizam. Já os melanomas se manifestam como pintas, lesões pretas
Para identificar uma pinta suspeita, os
especialistas recomendam o uso da regra denominada ABCDE, que consiste na observação de cinco aspectos diferentes:
A — Assimetria: pintas que não são simétricas;
B — Bordas: quando as bordas apresentam irregularidades em seu
formato;
C — Cor: variação da tonalidade das pintas e mudança de
tonalidade de uma pinta já existente;
D — Diâmetro: pintas com diâmetro maior que 5mm;
E — Evolução: pintas que se modificam em qualquer aspecto como cor ou
tamanho;
Quem tem tatuagem deve redobrar os cuidados
As tintas escuras usadas nas tatuagens podem encobrir possíveis lesões
de câncer de pele. A pigmentação também pode atrapalhar a
detecção de alguns casos. O melanoma tem uma alteração celular com muito
pigmento, assim como as tatuagens, dificultando a análise da
estrutura celular durante os exames patológicos.
Em todos os casos, o prognóstico da doença tende a ser
bom se detectado precocemente
“Não existem
recomendações oficiais para a detecção do câncer de pele, no entanto, é de extrema importância que a pessoa conheça sua própria
pele e saiba identificar possíveis alterações que indiquem a formação de um tumor”, explica Dr. Luiz Guilherme Castro.
Caso note alguma alteração suspeita na
pele, consulte um dermatologista.